VIVENDO DE SALÁRIO

Gestão de Wellington se sustenta só no salário (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O governo de Wellington Dias (PT) voltou a ser bastante criticado na Assembleia Legislativa do Piauí nesta quinta-feira (13). O deputado estadual Gustavo Neiva (PSB) subiu à tribuna para condenar o grande número de acomodações políticas no quarto governo do petista. Lembrou o parlamentar da oposição que no começo da gestão Wellington afirmou que não abriria espaço para suplentes na Assembleia. Em menos de seis meses, chamou seis.

Neiva disse ainda que, enquanto isso, o Piauí padece de graves problemas em diversas áreas. Logo, o deputado de oposição teve suas críticas rebatidas. O petista Franzé Silva saiu em defesa da gestão de Wellington. Alegou que a crise atinge todos os estados, jogou a culpa dos problemas no Governo Federal e encheu a boca para dizer que, ao contrário de muitos estados da Federação, o Piauí está com os salários dos servidores públicos em dia.

A fala de Franzé merece destaque. Quem acompanha o noticiário político local já deve ter se acostumado com essa justificativa há pelo menos três anos. A grande honra de quem defende a gestão de Wellington Dias é poder afirmar que, apesar de tudo, os salários estão em dia. Para toda crítica, vem o argumento de que, mesmo assim, não se atrasou salários.

Manter a folha do funcionalismo público em dia é muito importante [aliás, cabe sempre lembrar que é uma obrigação]. No entanto, um governo não pode se sustentar apenas com isso. Enquanto quase tudo está parado, os aliados vivem a reforçar a história do salário em dia. Isso revela o quão pobre é o Piauí, um estado onde o maior feito de uma gestão é pagar o salário de quem trabalha. Aliás, por aqui também se paga alguns que não trabalham.

Poderíamos ser mais chatos e dizer que essa história do salário em dia não é totalmente verdadeira, já que servidores terceirizados, pais de família que acordam cedo para trabalhar, estão com salários atrasados por falta de repasse do governo para as empresas. Além disso, professores contratados também têm enfrentado falta de pagamento. Mas, para o governo e para quem defende a gestão a qualquer custo, essa parcela de trabalhadores é ignorada.

O fato é que enquanto a saúde agoniza, o transporte escolar falta, a segurança é frouxa, as suspeitas de corrupção são fortes e os descasos se multiplicam, o importante para o governo é somente os salários em dia. Quem se contenta só com isso também deve se contentar com um Estado atrasado, pois apenas salário em dia não garante um Piauí livre do atraso.

Comente aqui