Oriundos do movimento estudantil, os vereadores Deolindo Moura (PT) e Enzo Samuel (PC do B) chegaram à Câmara Municipal prometendo lutar pelo passe livre para estudantes no transporte público de Teresina. Ambos sempre afirmaram que extinguir totalmente a cobrança para os alunos é possível e que os teresinenses poderiam acreditar.

Oito meses após tomarem posse, o Política Dinâmica quis saber que eles já fizeram ao longo desse tempo no sentido de viabilizar a proposta que tanto defenderam antes de chegar ao Parlamento Municipal. Nos discursos diários nos prolongados debates nas sessões da Câmara, o assunto raramente é trazido à tona. Mas, segundo eles, a luta pela causa continua.

ENZO SAMUEL
“Sou defensor do passe livre, mas até lá você tem todo um processo de discussão. É preciso saber de onde sairá esse financiamento e como será, porque não existe um passe de mágica. A prefeitura de Teresina hoje caminha muito mais para essa realidade do que outras prefeituras, pois nós pagamos abaixo da meia passagem e isso é mérito da luta dos estudantes e do prefeito Firmino Filho”, falou o comunista.

Após justificar que é preciso saber de onde vem o financiamento e como funcionará o sistema sem a cobrança, Enzo foi questionado sobre as bases da proposta que defendia enquanto integrante do movimento estudantil e se ela não apontava essas soluções. Na resposta, ele disse apenas que o tema continuará sendo discutido e falou em diálogo.

“A proposta era sentar e discutir. Quando os estudantes foram para a rua em 2012 não havia qualquer tipo de diálogo, pois a prefeitura não dialogava e não conversava naquela gestão. Hoje nós já temos BRTs em Teresina que antigamente não tinha, temos ônibus com ar-condicionado, mas ainda existe o que melhorar”, disse.

Perguntado sobre o que já fez, efetivamente, para tornar o passe livre realidade depois que assumiu o mandato, Enzo lamentou as “limitações jurídicas” dentro da Câmara. “Já temos discutido com alguns grupos estudantis e com algumas entidades. Agora existe as limitações jurídicas dentro da Casa. Eu não posso criar oneração para a prefeitura. Tem determinadas coisas que eu não posso obrigar como será feito”, admitiu.

DEOLINDO MOURA
O vereador Deolindo Moura diz que a proposta do passe livre continua viva, mas ao contrário de Enzo, que elogia as melhorias que a prefeitura já fez até aqui, ele critica bastante o prefeito. O petista diz que o congelamento da meia passagem não é mérito de Firmino Filho e classifica a situação do transporte público na capital como deficitária.

“Não podemos continuar com o transporte coletivo mais caro do país e muito deficitário. No final do ano, novamente, nós deveremos ter um novo reajuste, como tem todo ano. Esse congelamento não foi garantido pelo prefeito como alguns vereadores querem colocar. Foi um congelamento garantido através de luta nessa cidade, com grandes manifestações”, falou.

Apesar de Deolindo de tentar priorizar as críticas ao prefeito durante a entrevista e escapar do tema passe livre, a reportagem o questionou novamente sobre o que ele tem feito para viabilizar a gratuidade. Nesse momento, ele também alegou limitações enquanto vereador, mas disse que vai continuar lutando por entender que o passe livre é necessário.

“Nós tivemos no início da legislatura uma conversa com o prefeito. Existe um plano por parte da prefeitura para que isso venha a se viabilizar. Nosso gabinete vai estar fazendo uma proposta para essa questão do passe livre. A questão é que o vereador é muito limitado no que diz respeito a projetos, tendo em vista que ele não pode onerar o município”, disse.