UM DESCASO QUE SALTA AOS OLHOS

Hospital da PM funciona muito aquém da sua estrutura (Foto: Divulgação/PM-PI)

Enquanto outros estados do país enfrentam filas por vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), o Piauí se dá ao luxo de ter 10 unidades praticamente prontas, mas sem funcionar. Essa é a realidade no Hospital Dirceu Arcoverde da Polícia Militar do Piauí (HPM), na Zona Sul de Teresina.

O descaso tem chamado atenção do Ministério Público do Piauí (MP-PI). O promotor de Justiça Eny Pontes, que coordena o Grupo Regional de Promotorias Integradas no Acompanhamento da Covid-19 - Eixo Saúde (SUS), cobra o funcionamento do hospital em sua plenitude. 

Apesar da pandemia, a unidade de saúde está funcionando muito aquém da sua estrutura. Até agora, as 10 UTIs montadas no local nunca começaram a funcionar. Elas estão praticamente prontas, mas por falta de contratação de pessoal e alguns ajustes seguem fechadas.

A Justiça chegou a conceder liminar, a pedido do MPPI, mas até o momento a estrutura segue sem funcionar. De acordo com Eny Pontes, o HPM possui 99 leitos clínicos, centro cirúrgico e local próprio para funcionamento dos 10 leitos de UTI. No entanto, só está funcionando com 10 leitos de internação, dois de estabilização e uma área de triagem de pacientes.

Promotor Eny Pontes cobra funcionamento do hospital da PM-PI em sua plenitude

O promotor informou que no dia 22 de abril, o secretário de Saúde do Piauí, Florentino Neto, prometeu colocar as UTIs em funcionamento até 15 de maio, o que ainda não aconteceu. Eny Pontes considera desarrazoado que em meio ao crescimento exponencial dos casos de Covid-19, o estado do Piauí não faça o mínimo para ampliar sua rede de saúde.

“No momento de grande circulação de um vírus novo, que não se tem vacina, e com o aumento progressivo dos casos da doença, não é razoável que não se tenha um incremento mínimo da rede de saúde pública existente e não seja usado em sua plenitude um hospital com 99 leitos clínicos e possibilidade de instalação de UTI para 10 leitos”, falou.

Eny Pontes alertou que nos estados do Maranhão e do Ceará já existe fila por vaga de UTIs e questionou se o Piauí vai esperar que aconteça o mesmo para tomar providências. 

“Não há o mínimo de racionalidade em deixar de aproveitar um equipamento do porte do Hospital da Polícia Militar, com UTI estruturada praticamente concluída, no enfrentamento daquele que, segundo as autoridades de saúde, é o maior desafio do século”, desabafou.

O Política Dinâmica procurou a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) para comentar o assunto. A pasta enviou uma nota tentando se explicar e jogou a culpa no Ministério da Saúde. 

Leia a nota abaixo, na íntegra.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informa que já preparou toda a estrutura física e de equipamentos para o funcionamento da UTI do Hospital da Polícia Militar (HPM). Além das obras já executadas, a Sesapi está implantando todo o sistema de gases medicinais nas enfermarias e UTIs, possibilitando assim o seu pleno funcionamento, além disso, também já foi feita a seleção e convocação dos profissionais para assumir os seus postos de trabalho.

No entanto, o que surge como impeditivo, neste momento, para funcionamento imediato dos 10 leitos de UTIs é a aquisição dos respiradores mecânicos. O Estado do Piauí conseguiu garantir judicialmente a entrega dos equipamentos adquiridos pelo Governo do Estado e que não foram entregues em razão da requisição administrativa feita pelo Ministério da Saúde junto às empresas contratadas pela Secretaria de Saúde.

A Sesapi e a Procuradoria Geral do Estado estão envidando todos os esforços para o cumprimento dos mandados judiciais no estado de São Paulo, nos quais garantem a entrega de equipamentos a que tem direito a Secretaria de Estado da Saúde. A Sesapi reitera que com o recebimento dos respiradores, a prioridade será a instalação dos equipamentos na UTI do Hospital da Polícia Militar. É importante ressaltar que a Sesapi sempre esclareceu que a entrega dos respiradores era a condição determinante para a instalação dos referidos leitos.

Por isso, que a Sesapi tem trabalhado diuturnamente na ampliação do número de respiradores disponíveis na rede de combate a Covid-19.

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