O presidente da Fundação Municipal de Saúde, Silvio Mendes, teve uma reunião com 12 vereadores nesta sexta-feira (15) para discutir a polêmica em torno das UTIs Neonatais na capital. No encontro na sede da FMS, ele condenou o que classificou como “mentiras e manipulação de informações” e explicou que nenhuma unidade pediátrica será fechada na capital. Silvio disse que as informações distorcidas se espalharam porque a proposta de mudança se tornou pública antes das discussões serem feitas.

O presidente voltou a dizer que o número de UTIs Neonatais não vai diminuir, mas que haverá apenas uma reorganização da oferta de leitos em parceria com o governo do Estado. Parte dos leitos de algumas maternidades municipais será transferida para a Maternidade Dona Evangelina Rosa, que passaria a funcionar como retaguarda para as demais unidades municipais. Apesar disso ele reconheceu, após ouvir a crítica de alguns parlamentares no encontro, que houve falta de diálogo sobre o assunto.

“É tudo mentira. Nunca ninguém disse aqui que ia fechar maternidade. É manipulação barata e irresponsável. Eu acho que teve um pecado original que foi essa história ter se tornado pública antes de ter sido formatado em sua totalidade. Nós não tivemos o cuidado de ter evitado que isso se tornasse público antes da discussão ficar completa. Quanto a falta de diálogo, ela existe, é uma crítica boa. Existe inclusive entre eles [vereadores]”, falou.

Mesmo reconhecendo a falta de diálogo, o secretário disse que não é do seu feitio ir a audiência pública em praça e que continuará não indo. Com seu jeito peculiar, ele falou aos vereadores que determinados encontros são improdutivos e voltou a reafirmar durante entrevista após a reunião. “Uma audiência pública numa praça pública? Para tratar de leito de UTI em maternidade? Por favor! Eu não vou, porque não será produtivo e vira circo”, disse.

VEREADORES SE MANIFESTAM
Após ouvirem silenciosamente o secretário durante longo tempo, os vereadores fizeram questionamentos. Deolindo Moura (PT), único vereador da oposição presente na reunião, disse que o encontro foi proveitoso, mas que Silvio também poderia ter ido a Câmara dar as explicações, ao invés da base do prefeito derrubar requerimentos que tentavam convocá-lo.

“A reunião poderia ter sido na Câmara Municipal porque o Poder Público tem que dialogar com todos os outros poderes. Seria inadmissível que qualquer vereador admitisse o fechamento de uma UTI Neonatal sem que houvesse diálogo, por isso nós viemos aqui para ouvir as explicações. A gestão precisa do Poder Legislativo e da sua fiscalização. Não dá para alguns colegas quererem barrar um diálogo do Poder Executivo com o Legislativo”, falou.

A vereadora Teresa Britto (PV) foi a que mais questionou o secretário e em alguns momentos se confrontou com Silvio. A insatisfação dela era nítida. A parlamentar questionou se a Evangelina Rosa terá condições de receber novos leitos e funcionar como retaguarda se atualmente o local enfrenta sérias dificuldades. Silvio disse que confia na palavra do secretário estadual de Saúde para o plano de reorganização funcionar.

“Eu só vou me convencer depois que eu for na Maternidade Evangelina Rosa e ver toda a estrutura física. Eu confio no Dr. Silvio, mas preciso ter confiança no Estado, o que eu ainda não tenho, pelo alto índice de mortalidade e pela estrutura que é muito velha. Eu preciso ver e ouvir as garantias do secretário estadual porque a prefeitura pode levar um balão nessa história. Eu vejo que está tendo muita confiança [de Silvio no governo estadual]. Eu não confio e essa é minha preocupação”, disse.

Os vereadores Zé Nito (PMDB) e Luís André (PSL) afirmaram que estavam contemplados com as explicações de Silvio. A líder da base na Câmara, Graça Amorim (PMB), apenas intermediou o encontro, não fez questionamentos e disse que todas as explicações Sílvio já havia dado para ela na condição de líder da bancada. Os demais vereadores não falaram.

Participaram do encontro os vereadores Zé Nito, Deolindo Moura, Gustavo Gaioso, Luís André, Joaquim do Arroz, Pedro Fernandes, Valdemir Virgino, Teresa Britto, Venâncio Cardoso, Graça Amorim, Marquim Monteiro e Dr. Lázaro. Os dois últimos chegaram no finzinho da reunião. Todos os 29 vereadores foram convidados para o encontro.