Ganhar oito eleições consecutivas não é um feito qualquer. Se tornar uma das caras mais conhecidas da política de um estado, menos ainda. O deputado federal Paes Landim (PTB) fechará 2018 completando 32 anos seguidos como parlamentar no Congresso Nacional. O piauiense natural de São João do Piauí, no semiárido do estado, está atualmente entre os oito deputados federais com mais tempo de mandato na Câmara Federal.

É verdade que vivemos num período onde muito se cobra renovação na política. De fato, é preciso que a classe política do nosso país se renove. No entanto, renovar não significa excluir as vozes da experiência e nem tampouco deixar de reconhecer o legado daqueles que cumprem bem o papel que exercem na vida pública. Paes Landim é um desses nomes que merecem destaque pela forma como tem se portado na carreira política.

Ao longo de três décadas como parlamentar, nunca se envolveu em escândalos de corrupção e sempre teve seu nome respeitado no meio político e jurídico. Além disso, carrega consigo um grande sentimento de pertencimento com a região onde nasceu, tendo dirigido grande parte das atenções dos seus mandatos para o semiárido piauiense. Chamo aqui atenção especial para sua dedicação pela região de São Raimundo Nonato.

Como já mencionado, Landim nasceu em São João do Piauí, mas também podemos chamá-lo de sãoraimundense, afinal, lá viveu boa parte da sua juventude. Com respeito aos outros deputados filhos da região, arrisco-me a dizer que o decano parlamentar de cabelos brancos é quem mais tem serviços prestados ao território Serra da Capivara. Aliás, a luta pelo Parque Nacional da Serra da Capivara é um dos seus feitos permanentes.

Cresci ouvindo falar do deputado Paes Landim na Fundação Ruralista, entidade sertaneja fundada pelo gigante padre Manuel Lira Parente. Foi ele o deputado mais presente e que mais ajudou aquela obra, tanto que o próprio padre, ainda em vida, o inseriu na lista dos maiores benfeitores da entidade nos seus mais de 50 anos de luta no semiárido piauiense. As ações e a influência de Landim sempre foram essenciais.

Recordo-me que certa vez [eu era criança], numa reunião no salão de eventos da Fundação, o padre falou do desprendimento de Landim por bens materiais e da sua vocação para a vida pública. Entre os trechos que me vêm à lembrança, Lira dizia que Landim não precisava do salário de deputado, pois ganhava muito bem como professor da Universidade de Brasília (UnB). No entanto, ressaltou que ele era deputado porque tinha vocação para servir.

O desapego pelo luxo e pelo enriquecimento é uma das características de Paes Landim. Hoje, anos depois daquela reunião com o padre Lira na Fundação, ouço exatamente a mesma coisa quando o assunto é o deputado. Nos corredores da Assembleia e em conversas com políticos na capital, a percepção sobre o deputado sertanejo segue igual: homem bem sucedido, muito influente, mas desprendido daquilo que foge ao simples.

Nas eleições deste ano, Paes Landim é o candidato mais velho no Piauí. Se conseguir se reeleger, vai tomar posse do nono mandato prestes a completar 82 anos de vida. Um octogenário que nasceu no sertão e fez do mandato, da inteligência e da sua influência um trampolim em defesa daquela parte ressequida do nosso estado. Um nome que sempre exaltou o Piauí em Brasília e que tenta, agora, ser exaltado nas urnas pela nona vez.