Descaso governamental é algo que afeta muita gente. Todas as vezes que o poder público deixa de cumprir com suas obrigações, principalmente aquelas mais básicas, quase toda a população é, direta ou indiretamente, atingida. Se o governo deixa uma rodovia esburacada, todos que utilizam a via são prejudicados. Se deixa de garantir saúde e educação, idem.

No Piauí, a gestão do governador Wellington Dias (PT) tem sido duramente criticada [pelos que podem criticar] devido a descasos e falta de organização. O petista tem, claro, um leque de serviços prestados ao Estado, afinal, não estaria no quarto mandato. No entanto, ser reeleito duas, três ou quatro vezes não significa que um gestor é mil maravilhas.

Historicamente posicionado entre os Estados menos desenvolvidos do país, o Piauí registrou avanços consideráveis desde a virada do século, mas ainda figura entre os mais pobres. Se o mérito de alguns avanços podem ser atribuídos aos últimos governos, a culpa por históricos atrasos também pode. Dos últimos 16 anos, o Piauí foi comandado quase 13 por Wellington.

Nunca um gestor público teve a oportunidade de governar tanto tempo o Piauí, o que poderia ter lhe dado a chance de planejar, executar, ver a evolução, alterar, etc. No entanto, o Piauí de Wellington leva anos para concluir obras e as vezes sequer conclui. Por aqui parece clichê citar, por exemplo, o Centro de Convenções. Por mais boa vontade que se tenha, não há justificativa para um obra daquela, que não é grande, estar há 12 anos sem conclusão.

Como se não bastasse a ineficiência na condução de obras e serviços, a gestão do simpático Wellington não consegue manter o que está feito. Há alguns meses, muita gente vinha denunciando a precariedade do Parque Zoobotânico de Teresina, construído por Alberto Silva. No local, tudo ainda é antigo, a começar pela forma de cobrança na entrada, feita igual boteco de cidade pequena. Não se nota uma informatização em nada por ali.

Esta semana, deputados estaduais da oposição estiveram por lá. Na vistoria, constataram estruturas físicas precárias e muitos sinais de desleixo administrativo. O que mais chamou atenção deles é que até os macacos do lago dos primatas fugiram. O lago, que é artificial, estava com acesso interditado. Ele secou porque a bomba que o abastece estava quebrada.

Quando até macacos fogem por conta do descaso governamental, não há muito o que falar. Os primatas podem até gostar de macacada, mas não suportaram o desleixo administrativo.