MARGARETE SE PROJETOU

Margarete ao se despedir da vice-governadoria (Foto: Divulgação/Assessoria)

O discurso de despedida de Margarete Coelho (Progressistas) do cargo de vice-governadora do Piauí na solenidade de posse do governador Wellington Dias (PT) no dia 1º foi carregado de emoção e agradecimentos. Em quase 200 anos de história no Piauí, ela foi a primeira mulher a chegar ao cargo do qual se despediu oficialmente em 31 de dezembro de 2018. Em alguns momentos nesses quatro anos, chegou a assumir o posto de governadora do estado.

Ao contrário de muitos outros vices, Margarete não passou despercebida no cargo, esteve como protagonista na cena política do estado e conseguiu se projetar ainda mais a partir da vice-governadoria. Antes, ela havia sido deputada estadual. Não conseguiu permanecer na chapa majoritária do governador para se reeleger junto com ele, mas mostrou força política ao conquistar um mandato na Câmara Federal mesmo entrando tardiamente na disputa.

No discurso, fez um resgate da luta de mulheres pioneiras que fizeram história no Piauí. Lembrou de Esperança Garcia, hoje reconhecida oficialmente como a primeira advogada do estado; de Firmina Sobreira, compositora da letra do Hino do Piauí; de Niède Guidon, arqueóloga baluarte que projetou a Serra da Capivara para o mundo; de Francisca Trindade, primeira mulher negra a representar o Piauí na Câmara Federal, e algumas outras.

Na sua passagem pela vice-governadoria, Margarete foi uma incansável defensora da criação e do fortalecimento de políticas públicas voltadas para a segurança das mulheres. Mas não focou apenas nesse segmento. Reconheceu avanços conquistados, mas alertou o governador de que muito ainda precisa ser feito. Margarete, como não poderia deixar de fazer, falou das suas origens. Lembrou que é da caatinga do Piauí e que chegou a Teresina aos 16 anos.

Ela foi a primeira vice-governadora do Piauí (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Em sua fala, a futura deputada federal chamou atenção para um aspecto. "É dever de todos não permitir que a política se torne atividade deletéria, ao ponto de desencorajar pessoas do bem a participar dela". A frase talvez tenha sido uma das mais relevantes entre todas as que foram proferidas na solenidade. A política não pode ser demonizada por conta dos maus feitos de uma determinada parcela. Margarete é o exemplo que justifica a própria frase.

Na Câmara Federal, ela tem tudo para continuar se projetando. Sua capacidade de diálogo e seu grande conhecimento são motores para isso. Em oito anos de vida pública, Margarete ascendeu como poucos políticos do Piauí. E o mais louvável: não foi uma ascensão envolta de aspectos suspeitos, como temos visto muitos por aí. A ascensão da caatingueira se deu pela via da política com simplicidade e humildade, mas com espírito de grandeza. Tal qual as flores da Caatinga, que brotam e crescem com apenas uma chuva de dezembro.

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