“INCOMPATÍVEL COM A DEMOCRACIA”

Ele criticou, mas seguiu com a mesma prática (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

A imprensa brasileira nunca foi tão contestada como agora. Em virtude do acirramento político que desencadeou no impeachment de Dilma Rousseff (PT) e devido ao avanço das redes sociais, o trabalho dos profissionais de imprensa virou alvo de críticas e ataques.

A ascensão de Jair Bolsonaro (PSL) ao poder piorou ainda mais esse cenário, já que o próprio presidente tem sido responsável por atirar pedras no trabalho de jornalistas. Com razão ou sem razão, ele tem feito isso de forma incessante desde que chegou ao Palácio do Planalto.

Mas as críticas, sobretudo ao modelo de comunicação dominante no Brasil, sempre existiram. Em 2001, quando ainda era deputado federal, o governador do Piauí Wellington Dias (PT) disse que o modelo de comunicação existente no Brasil era incompatível com a democracia.

Em artigo publicado no jornal O Dia, o petista defendeu a regulamentação dos meios de comunicação, algo que o PT não fez nos 13 anos que ficou no poder. E o mais curioso: ele criticou o fato dos governantes ditarem o que as pessoas devem saber pela imprensa.

No texto, Wellington disse que "é um direito da sociedade estabelecer controle sobre os meios de comunicação que vão lhe servir". Ora, no Piauí governado por ele, isso é realidade distante, dada a forte interferência política e governamental na maioria dos veículos.

Artigo publicado pelo petista Wellington Dias em 2001 no jornal O Dia, de Teresina.

Porém, deve-se ressaltar que muita coisa mudou desde aquele 2001 em que Wellington escreveu o artigo. A imprensa de hoje já não é somente aquela dos veículos tradicionais e dos grandes conglomerados que, de fato, ditavam o que as pessoas podiam saber.

No entanto, também vale destacar que essa nova realidade não surgiu devido aos governos que se passaram desde 2001. Aliás, se ainda pudesse, a maioria dos governantes queria ter um modelo onde conseguissem dominar. Em muitos casos, infelizmente ainda conseguem.

O modelo criticado por Wellington em 2001 sofreu alterações graças à expansão da internet e as redes sociais. Já quanto aos meios tradicionais, o domínio que ele criticava segue existindo sem grandes mudanças e, no caso do Piauí, contando com a colaboração da gestão dele.

Nesse aspecto, o modelo segue bastante incompatível com a democracia.

Comente aqui