FALTAM LÍDERES, FALTA AMOR!

É preciso líderes para cultivar a união do nosso povo (Foto: Reprodução/Internet)

Estamos a poucos dias de uma das eleições mais importantes e turbulentas do nosso país. Depois de um impeachment em 2016, de graves escândalos de corrupção e enfrentando uma severa crise política, os brasileiros vão às urnas no domingo (7) escolher deputados, senadores, governadores e o próximo presidente da República. Um Brasil dividido que buscará, através do voto popular, retomar o caminho da normalidade e marchar adiante.

Mas o clima de divisão entre os brasileiros dificilmente irá cessar a curto prazo se não tivermos líderes altivos e verdadeiros, que além de fazer o bem às pessoas também cultivem o amor. Sim, é preciso amar! Não se unirá um país jogando uns contra os outros, usando a política do medo, espalhando inverdades sobre adversários e nem tampouco se valendo da velha e ultrapassada artimanha de atribuir ao concorrente a intenção de acabar com essa ou aquela conquista. Mentir para derrotar o outro alimenta a divisão.

Na política brasileira está faltando líderes verdadeiros. O que mais vemos são políticos se achando “reis” porque conseguem recursos, porque calçam ruas e constroem estruturas de concreto. No entanto, faltam líderes que lutem pela união das pessoas e que busquem verdadeiramente melhorar a nossa sociedade. Não adianta dizer na televisão que defende a união do povo se no período de campanha eleitoral adotam um vale-tudo para ganhar a eleição.

Líderes marcam pelas ações, inclusive as humanas. Permitam-me mencionar um exemplo. Em 1986, um bispo fez história no sertão nordestino. Dom José Rodrigues, da Diocese de Juazeiro, na Bahia, protagonizou um dos fatos mais marcantes do Vale do São Francisco. No episódio de um assalto ao Banco do Brasil da cidade baiana, bandidos levaram o gerente e a família como reféns. O carro em fuga acabou o combustível na ponte que liga Juazeiro e Petrolina. O clima era tenso.

O religioso, conhecido como bispo dos excluídos, se ofereceu aos assaltantes para ser mediador nas negociações e também acabou se tornando refém. Ele ficou um dia inteiro como refém na ponte, cujo trânsito foi fechado durante as negociações. Após exigências, a quadrilha conseguiu fugir com o bispo sob a mira de revólveres e somente no Ceará ele foi libertado. Tempos depois, Dom José recebeu uma carta de um dos sequestradores para que celebrasse seu casamento na cadeia.

Através do voto, líderes também podem se revelar (Foto: Reprodução/Internet)

Antes desse episódio marcante do sequestro na ponte entre Juazeiro e Petrolina, o bispo já se tornara referência no sertão ao se engajar na defesa dos povos afetados pela construção da barragem de Sobradinho, na Bahia, e de lutar pelos pobres no Vale do São Francisco. Dom José morreu aos 86 anos em 2012, deixando um legado de simplicidade, amor aos pobres e defesa dos que mais precisam no sertão nordestino. Certa vez, numa celebração, afirmou: “Nunca traí os pobres, nem em época de eleição”.

Ao citar o exemplo desse religioso, não cobro que tenhamos líderes exatamente como ele. Seria querer muito! No entanto, o faço para mostrar que líderes verdadeiros cultivam a paz, o amor e adotam práticas que tentam unir e não dividir. Infelizmente, não temos muitas dessas opções numa eleição crucial para o nosso país. A mentira, os ataques, o medo, o desrespeito, o ódio e o fanatismo político-partidário em nada contribuem para que nossa gente se una e o país cresça.

Deixo BEM CLARO que não me refiro a uma única corrente partidária, mas a praticamente todas que disputam estas eleições. Não vamos sair do atoleiro enquanto nossos líderes enxergam o adversário como inimigo, incapaz de reconhecer qualidades no outro ou de entender que a eleição não é um ringue, mas um instrumento democrático. Na hora de votar, pense na qualidade do seu candidato enquanto líder. Não vamos pensar apenas no calçamento da nossa rua. Vamos pensar também na sociedade em que vivemos.

Comente aqui