O vereador Enzo Samuel (PC do B) recebeu nesta quinta-feira (13) a reportagem do Política Dinâmica em seu gabinete na Câmara Municipal de Teresina. Em uma sala com parede azul e onde a cor vermelha só é vista numa cafeteira, o parlamentar desabafou sobre sua situação no PC do B, partido que milita desde o início da juventude e que agora está de saída.

Em alguns momentos Enzo chegou a se emocionar quando relembrou sua trajetória no PC do B. Em outros, levantou o tom de voz e fez duras críticas aos dirigentes do partido que agora lhe expulsam da legenda. O parlamentar afirmou que o PC do B não pode viver a vida inteira encostado no projeto político do PT e apontou contrassensos em decisões tomadas pela família que comanda o partido no Piauí há décadas.

"Logo no PC do B, que sempre foi um partido que defendeu a democracia, que lutou contra a ditadura, que defendeu as Diretas Já, vem agora dois ou três dirigentes e dizem que eu não faço mais parte dos planos. Que partido é esse? Que decisão partidária foi essa? Tudo deveria ter sido tomado dentro das instâncias partidárias. Tenho grande apreço pelo partido e respeito, mas se não sou bem-vindo [vou sair]. Infelizmente estão me expulsando", falou.

Enzo afirmou que no PC do B prevalece o interesse de alguns. Ele lembrou que o partido hoje quer apoiar o PT e o rejeita por ele ter decidido ficar na base do prefeito Firmino Filho (PSDB). No entanto, recorda que em 2014 todos os comunistas queriam apoiar Wellington Dias (PT) para governador, mas um único dirigente impôs que o PC do B apoiasse o então candidato Zé Filho, que era defensor de Aécio Neves (PSDB) para presidente da República. O vereador questiona a coerência das decisões tomadas pelos dirigentes da legenda.

"Existe um discurso, que eu acho que é apenas uma forma de justificativa, que devemos apoiar candidaturas que sejam alinhadas a um projeto do PT. Essa justificativa é balela. Aqui no Piauí em 2014 o partido todinho queria marchar com o governador Wellington Dias. E um dirigente decidiu que não, que tínhamos que marchar com Zé Filho. Naquela época o Zé Filho decidiu apoiar o Aécio Neves a nível federal. Havia motivos suficientes para rompermos e marcharmos com Wellington, mas mesmo assim o partido decidiu ficar com Zé Filho que fez palanque para o Aécio Neves, uma figura que fez muitos ataques ao PC do B", relembrou.

Enzo mandou indiretas para dirigentes do PC do B no Piauí ao insinuar que eles defendem moradias e regularização de ocupações só nos discursos, mas nunca botaram os pés numa ocupação e nunca escutaram um pai de família que passa fome. Ele ainda disse que alguns comunistas criticam a gestão do prefeito Firmino Filho, mas não sabem sequer quantas ruas o prefeito asfaltou e nem têm a humildade de reconhecer o sucesso da educação na capital.

"O PC do B tem que se preocupar em defender aquele que faz uma boa gestão, aquilo que é bom para o povo. É muito fácil ficar no discurso, mas precisamos sair, ir às ruas, conhecer Teresina. É preciso entrar nas ocupações e conhecer a realidade. É muito fácil fazer discurso de moradia e você nunca ter entrado numa ocupação, nunca ter escutado um pai ou uma mãe que passa fome e procurar ir resolver o problema deles. É muito fácil falar de Teresina e não saber quantas ruas foram calçadas e asfaltadas nesses últimos anos. É muito fácil querer criticar a educação e não reconhecer que hoje nossa educação é referência nacional", disse.

Ele falou ainda sobre a escolha de um novo partido para disputar a reeleição e cravou: "Muda-se de partido, mas não muda o homem". Assista a entrevista na íntegra e sem cortes!