A reeleição de Jeová Alencar (PSDB) na presidência da Câmara Municipal de Teresina é o mais duro revés político do prefeito Firmino Filho (PSDB) no seu quarto mandato. Após intensa articulação do gestor municipal na tentativa de impedir que o colega de partido se reelegesse, o resultado foi uma amarga derrota. O revés expõe um fator importante, inclusive para 2018: o de que Firmino não conseguiu dominar sua base no parlamento municipal.

Os próprios vereadores revelaram que as pressões foram intensas e que elas partiram de todos os lados ligados ao Palácio da Cidade. Teve senador da República e deputado na história. Apesar disso, Firmino perdeu e não conseguiu impedir a reeleição antecipada do atual presidente da Câmara. Foram 17 votos a favor de Jeová, enquanto 12 parlamentares seguiram a orientação do prefeito e não compareceram à sessão.

Apontado por muitos [inclusive pelas pesquisas] como o melhor nome para enfrentar Wellington Dias (PT) em 2018, Firmino sofre uma derrota emblemática. O PT e o PMDB, diga-se, apoiaram a reeleição de Jeová contra Firmino. Sabe-se que o apoio desses dois partidos não se deu apenas com o voto de seus vereadores na Câmara [exceto o de Luiz Lobão, que não compareceu], mas que também houve uma "forcinha" de outros palácios da capital.

Após a vitória de Jeová, os discursos tiveram praticamente o mesmo tom: todos destacaram que a Câmara de Teresina é livre e independente, não se submetendo à pressões. Alguns chegaram a dizer que a reeleição de Jeová, nas circunstâncias em que ocorreu, é um marco para a política da capital. Na prática, querem enaltecer o fato de que não é todo dia que um parlamento municipal escolhe seu comandante ignorando pressões do Poder Executivo.

Animado com a derrota de Firmino, o líder da oposição, vereador Dudu (PT), já adianta que a Câmara tem poder e liberdade para aprovar uma CPI contra a gestão de Firmino Filho. Cauteloso diante de câmeras e gravadores, o presidente reeleito diz que é amigo do prefeito e que espera continuar com uma boa relação com ele. Nos bastidores, sabe-se que a coisa não será como Dudu pensa, mas também não vai ser como Jeová tenta transparecer.