BOLSONARO NO PIAUÍ: A SÍNTESE DE GOVERNAR PELO CONFRONTO

O presidente Jair Bolsonaro no Piauí (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Quem acompanhou o noticiário sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro à cidade de Parnaíba na quarta-feira (14) certamente notou que o chefe da República segue com o estilo de fazer gestão à base do confronto. No Piauí, Bolsonaro foi o mesmo que esteve por aqui em abril de 2017, quando era somente pré-candidato à Presidência da República.

As únicas diferenças é que ele agora é presidente e sua vinda foi bem mais prestigiada por autoridades políticas. De resto, o Bolsonaro que vimos em Parnaíba é o mesmo. Durante as três horas em que permaneceu na cidade do litoral piauiense ele atacou adversários, disparou frases para atiçar simpatizantes e insistiu em assuntos que repete em todo lugar.

Bolsonaro ao lado de Mão Santa no Piauí (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Ao lado do prefeito Mão Santa, o presidente já se apresentou ao público falando em cocô, assunto pelo qual ganhou destaque esses dias. Mas seguiu seu script: prometeu acabar com petralhas, chamou ideologia de gênero de coisa do capeta, mandou esquerdistas irem morar na Venezuela e em Cuba, falou em varrer a turma vermelha do Brasil, disse que bandidos de esquerda estão voltando ao poder na Argentina e criticou governadores do Nordeste.

Ouvir isso de Bolsonaro não foi novidade, já que ele se elegeu, em grande parte, com esse discurso. No entanto, foi só isso. Quem esteve no aeroporto de Parnaíba, onde ele discursou para o público, não escutou praticamente nenhuma proposta voltada para a região. O termo "praticamente" é necessário porque, num rápido instante, ele falou da intensão de concluir canais de irrigação na região, fortalecendo iniciativas semelhantes aos tabuleiros litorâneos.

Bolsonaro prometeu varrer "vermelhos" do Brasil (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica)

De resto, foi um discurso o tempo todo de ataque a oponentes e de falas polêmicas para “levantar a galera”. Passados 10 meses desde que foi eleito presidente da República e já no oitavo mês à frente do governo, o capitão não consegue tirar o foco dos seus opositores que foram fragorosamente derrotados nas urnas em 2018. Após humilhar a esquerda nas urnas, impondo-lhe uma derrota acachapante, Bolsonaro ainda segue em ritmo de campanha.

Não se cobra que o presidente abandone a base do seu discurso, uma vez que, independentemente de concordar ou não, foi esse o discurso aprovado democraticamente nas urnas pela maioria do povo brasileiro. No entanto, o que se critica é o fato de Bolsonaro não descer do palanque e perder o precioso tempo que tem para governar com picuinhas direcionadas a quem ele derrotou no voto. Ao gastar meia hora de discurso apenas para provocar segmentos derrotados, o presidente apequena sua histórica vitória nas urnas.

Presidente falou com jornalistas em Parnaíba (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

A vinda de Bolsonaro à Parnaíba foi a quarta viagem dele ao Nordeste desde que assumiu a presidência da República em janeiro. Em todas as outras, deixou um rastro de ataques a opositores. É verdade que a imprensa dá muito destaque para as polêmicas e frases de efeito [às vezes até distorcendo], mas Bolsonaro não faz o mínimo esforço para evitar holofotes com esse tipo de atitude. Oito meses é tempo demais para resistir à descida do palanque. Pelo visto, o estilo de governar pelo confronto será a tônica até o fim do mandato.

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