BALÃO EM NÚMEROS

Governador com a lista de secretários (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O anúncio do secretariado do governador Wellington Dias (PT) deixou alguns aliados bastante insatisfeitos. O caso mais notável é do PSD, que não conseguiu nem mesmo manter o que já tinha na gestão anterior. O partido comandado no Piauí pelo deputado federal Júlio César e pelo filho dele, o deputado estadual Georgiano Neto, ficou apenas com a recém-criada Secretaria do Agronegócio, uma pasta de orçamento muito modesto e pouco cobiçada.

Vale lembrar que, ainda no começo, a sigla pleiteou a Secretaria de Desenvolvimento Rural — transformada agora em Secretaria da Agricultura Familiar —, e ainda queria manter a indicação na Agência de Defesa Agropecuária (Adapi). Não sentiu o cheiro da primeira e, para azedar a situação, viu escapar a segunda, que ficou para indicação de Firmino Paulo (PP).

Para mensurar o tamanho da desfeita do governador com o PSD, o Política Dinâmica resolveu comparar a situação do partido com outra sigla aliada do petista. A comparação será com o PDT e a motivação é pertinente. O PDT no Piauí também fica sob as rédeas de pai e filho, ambos deputados federal e estadual. As semelhanças são muitas em diversos aspectos, mas a diferença na hora da divisão dos espaços no governo ficou enorme.

Pai e filho do PSD (à esquerda) ficaram em desvantagem (Fotos: Reprodução/Redes Sociais)

O PSD tem Júlio César, deputado federal reeleito em 2018 com 110.804 votos. O PDT tem Flávio Nogueira, eleito pela primeira vez para a Câmara Federal com 111.672 votos. Nesse quesito [o de votação], os caciques partidários praticamente empataram.

O PSD tem um deputado estadual na Assembleia, mesmo número do PDT, que também possui um parlamentar. No entanto, enquanto Georgiano (PSD) teve, sozinho, 79.723 votos e foi o mais votado do Piauí, Flávio Nogueira Júnior (PDT) teve 47.007 votos e ficou em sexto.

Outro fator a ser considerado é a importância dos partidos na ajuda que podem dar ao governo de Wellington junto ao governo federal. Júlio César (PSD) é aliado do presidente Jair Bolsonaro e já teve duas audiências com ele nos primeiros quatro meses da gestão bolsonarista. Por outro lado, Flávio Nogueira é oposição ao presidente da República e simpatizante de ideias defendidas por setores da esquerda no Congresso Nacional.

Um aspecto que não importa muito no fatiamento de cargos [a história mostra isso], mas que cabe apontar, é a quantidade de prefeitos que cada partido tem no Piauí. O PSD de Júlio e Georgiano tem 37 prefeitos, enquanto o PDT dos Nogueiras tem apenas 8 gestores.

Apesar dos números acima, o PDT foi infinitamente mais prestigiado por Wellington do que o PSD. O tamanho do orçamento das pastas dadas a cada partido revela isso.

Georgiano teve quase 80 mil votos, mas votação não foi considerada na divisão dos cargos pelo governador (Foto: Reprodução/Facebook Georgiano)

A Secretaria de Turismo, que ficou com os Nogueiras, tem orçamento previsto para 2019 em R$ 62.503,267,00 (Sessenta e dois milhões, quinhentos e três mil, duzentos e sessenta e sete reais). Já a do Agronegócio, dada para pai e filho do PSD, tem o tacanho valor de R$ 544.885,00 (Quinhentos e quarenta e quatro mil, oitocentos e oitenta e cinco reais). Em termos de orçamento administrado, a participação do PDT na gestão será 114 vezes maior que a do PSD.

Os valores constam na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019. Incomodados com a situação, pai e filho do PSD, leia-se Júlio César e Georgiano, devem se reunir com o governador Wellington Dias na próxima semana. O valor para a pasta do Agronegócio, claramente, vai ser aumentado para, ao menos, diminuir a disparidade e conter a grande insatisfação.

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