A EPIDEMIA DOS EMPRÉSTIMOS

Wellington pediu mais empréstimos (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O governador do Piauí Wellington Dias (PT) já é conhecido como o gestor tomador de empréstimos. Ao longo dos últimos anos ele fez várias operações de crédito que serão pagas em infinitas parcelas mesmo após deixar o governo. Ou seja, o petista extrapola na tomação de dinheiro emprestado e isso não é nenhuma novidade.

Com a pandemia do novo coronavírus, todos os Estados do país estão diante de um grave problema e o Piauí não é diferente. Por aqui, é notório que existem dificuldades e os investimentos na saúde são necessários. No entanto, Wellington não perdeu a oportunidade de extrapolar ao lançar mão de mais empréstimos, seu maior trunfo administrativo.

Mas, para quem pensa que os empréstimos serão apenas para a saúde, se engana. Em meio à crise, o petista enviou para a Assembleia Legislativa nada mais nada menos que três pedidos de empréstimos. As operações, como de costume, deverão ser aprovadas sem nenhum tipo de contestação pela esmagadora maioria do governo no parlamento.

O primeiro empréstimo é no valor de R$ 1 bilhão junto ao Banco do Brasil para a saúde, infraestrutura básica e até mesmo segurança pública. De forma pouco clara, o governo aponta o uso do recurso nessas áreas. O segundo, no valor de R$ 83 milhões junto ao Banco de Brasília, é para restauração e conservação de rodovias piauienses. E o terceiro é um aditivo de 100 milhões de dólares a um empréstimo já aprovado na Assembleia junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

Para efeito de comparação, em São Paulo, estado mais afetado do Brasil com o novo coronavírus, o governador João Dória (PSDB) pediu apenas um empréstimo no valor de R$ 500 milhões para enfrentar os efeitos da crise provocada pela doença. Além de ser metade do valor pedido pelo governo do Piauí, Dória não tem fama de tomador de empréstimo.

LÍDER DA OPOSIÇÃO QUESTIONA

Em entrevista ao Política Dinâmica, o deputado estadual Gustavo Neiva (PSB), líder da oposição na Assembleia, contestou a quantidade de empréstimos e a pouca clareza na finalidade das operações. Neiva destacou que o dinheiro para investimento na saúde é necessário e urgente, mas condenou a inclusão de outras áreas no pacote de operações.

Deputado cobra plano de aplicação do dinheiro (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O deputado lembrou que outros setores incluídos pelo governador nas novas operações já estão contemplados com empréstimos recentemente aprovados na Assembleia. Ele citou que infraestrutura, educação e segurança pública já tem recursos de outras operações de crédito assegurados e não justifica a inclusão nas novas mensagens. Para Gustavo Neiva, é necessário que o valor de R$ 1 bilhão seja usado exclusivamente na saúde pública, que está em situação precária de Norte a Sul do Piauí.

"Os outros setores essenciais já estão resguardados com outras operações de crédito anteriormente aprovadas. Nós queremos que esse R$ 1 bilhão seja usado exclusivamente na saúde. Eu percorri todo esse estado visitando hospitais regionais e de Corrente a Parnaíba o nosso sistema de saúde está totalmente despreparado para um problema dessa magnitude. O governador mandou três pedidos de empréstimos genéricos, sem especificar como vai usar esse valor bilionário", falou.

Na visão de Gustavo Neiva, Wellington se aproveita do momento para conseguir recursos sem aplicação específica. O parlamentar afirma que não é contra o empréstimo de R$ 1 bilhão, mas quer que seu uso seja especificamente na área da saúde, setor que já é precário no Piauí e vai ser ainda mais explorado nesse momento de crise. "Se tiver de haver operação de crédito, se tiver de endividar o estado ainda mais, que esse endividamento seja para a área que está precisando urgentemente que é a área da saúde", falou.

Além disso, Neiva voltou a fazer outra antiga crítica. Segundo ele, a única solução que Wellington acha para tudo em sua gestão é apenas tomar empréstimo. Ele criticou o fato do petista nunca ter reduzido o tamanho da máquina pública e nem cortado gastos de forma efetiva. "Nós temos que cobrar do governo também que ele dê o exemplo. O governador só pensa em endividar o estado para as próximas gerações. Por que não chega mensagem na Assembleia para reduzir o tamanho da máquina estadual?", questionou.

Francisco Costa defende as três operações (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

LÍDER DO GOVERNO DEFENDE PEDIDOS

O líder do governo na Assembleia, deputado estadual Francisco Costa (PT), afirmou que as propostas são emergenciais e, além de garantir investimentos na saúde, vão assegurar o equilíbrio econômico e fiscal do estado. Segundo ele, vai haver grande queda na arrecadação do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Por isso, defende que os empréstimos são muito importantes.

“São propostas emergenciais para melhorar a estruturação da saúde, segurança e infraestrutura básica, além do fortalecimento da economia. Com a queda na arrecadação que está anunciada, tanto do FPE quanto do ICMS, o Estado lança mão dessas operações de crédito para manter o equilíbrio econômico e fiscal do Estado”, explicou.

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