A CRISE POLÍTICA NO BRASIL E A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL

Estudante fala sobre o atual momento do país (Foto: Jailson Soares/PolitcaDinamica.com)

Uma data especial e de muitos significados. No dia 11 de agosto celebra-se o Dia do Estudante e no atual momento de crise política enfrentado pelo país eles têm muito a dizer. O Política Dinâmica entrevistou a jovem Maria Clara Lima, estudante de escola pública e presidente da União Metropolitana dos Estudantes (UMES-Piauí), entidade estudantil fundada no último dia 4 em Teresina e cujo objetivo é reforçar a luta a partir das escolas.

Ela escolheu receber a equipe na Praça da Liberdade, no Centro da capital. Com apenas 16 anos, Maria Clara ainda não era nascida em importantes momentos da política brasileira, mas nem por isso abdicou, ao se tornar adolescente, de adentrar ao mundo pujante dos movimentos estudantis. Com uma fala calma e sorriso sutil, a jovem falou sobre a crise política, a importância dos movimentos estudantis, a renovação na política e a necessidade de participar dela.

A ENTIDADE
Recém-criada, a UMES/PI não objetiva atuar de forma isolada, pelo contrário, defende a somatória de forças nas lutas estudantis e da sociedade. Para Maria Clara, é importante conscientizar os estudantes de que eles fazem parte da história e que podem ser responsáveis pelas mudanças tão sonhadas no país.

Maria Clara fala sobre atuação da UMES (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

“Na UMES a gente tem alunos de escola pública, de escola privada, temos meninas que fazem parte de projetos culturais, de esporte e outros atores. São todos estudantes de ensino médio e temos essa variação de idade entre 16 e 18 anos. Nós temos um pensamento pra frente, de defender a Democracia e de defender os nossos ideais”, falou.

O JOVEM NA POLÍTICA
Maria Clara faz questão de destacar que os jovens precisam ter interesse pela política e que o desprezo pelo segmento apenas fará com que a situação piore. Ela explica que o discurso de desmoralização da política não contribui para o fortalecimento da Democracia e ressalta que a falta de interesse apenas beneficia os que estão contribuindo para a crise no país.

“A gente quer que o jovem se insira realmente na política para que ele mesmo possa promover essa mudança. Não podemos ter esse discurso apolítico, porque tudo na vida é política, seja dentro da nossa escola, da nossa casa, tudo é política. Não tem como se desvincular e dizer que odeia política. Um dos debates mais necessários nesse momento é fazer o jovem enxergar o quão importante é a política na vida dele, até para que não aconteça o que está acontecendo”, falou.

Ela defende a inserção dos jovens na política (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

CRISE POLÍTICA
Maria Clara comentou o atual momento de crise e instabilidade. Sem demonstrar radicalismo, algo que volta e meia se observa em alguns movimentos, ela criticou o impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Para a estudante, o discurso das pedaladas fiscais não se sustenta após uma análise de todo o cenário que circundou a remoção da petista do Poder.

“A gente vê assim: poxa, vão tirar a presidente por causa de quê? Ah tá, pedaladas fiscais. Legal. Mas a gente foi procurar todo um cenário que existe por trás e vê que isso não se sustenta. Existe todo um plano, um sistema para isso e começa fazendo que com a gente seja apolítico. Eles afastam o jovem da política e ninguém tem interesse que os estudantes aprendam política nas escolas. É um círculo que está se fechando. Eles se instalaram lá dentro e estão puxando tudo que puderem para eles”, falou.

Ao criticar a falta de interesse em instruir politicamente os jovens, Maria Clara citou a reforma do ensino médio e a aprovação da PEC 155, que limitou os gastos públicos, incluindo os da Educação, por 20 anos. Segundo ela, essas medidas só aumentam a precarização da educação pública no país. “Foi uma falta de honestidade dizer que estão fazendo isso para melhorar o padrão escolar, mas não investem nas escolas igual os governos de outros países investem”, declarou.

Com 16 anos, Maria Clara preside a UMES (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

A IMPRENSA
A presidente da UMES criticou também a imprensa e enalteceu a abertura de novos canais que permitem ecoar as vozes dos movimentos estudantis e sociais. Segundo ela, está mais fácil se informar, mas ainda predomina a mídia tradicional com seus interesses.

“O sistema é assim. Não basta apenas você ter dinheiro, você precisa ter um pouco de poder. E a mídia oportunista faz isso. É uma vergonha para o jornalismo brasileiro a gente ter esse tipo de mídia. Eles têm o lado deles, têm dinheiro e têm poder, então vão puxar para o lado deles e manipular como quiserem. Eu vejo como positivo a mídia alternativa, dos portais, da galera que corre nas ruas e os blogs que cobrem manifestações. É isso”, falou.

POVO GUERREIRO
A estudante destacou que os jovens do interior do Piauí também precisam ser mobilizados. Ela diz que a luta dos movimentos não pode se concentrar apenas em Teresina ou nas cidades maiores e também fez questão de enaltecer a garra do povo piauiense que, segundo ela, é um orgulho para o Estado.

Estudante diz admirar a garra dos piauienses (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

“Eu acho muito linda a história do Piauí. Nosso povo é um povo que luta desde o Brasil Colônia, da Batalha do Jenipapo, enfim. É um povo muito resistente que luta por sua autoafirmação. A luta que a gente fala não é só a luta política do dia-a-dia, mas é a luta do pai de família que sai de manhã para o trabalho e volta de tarde, é o pessoal da feira. É muito lindo isso. Nossa história me inspira muito mais a lutar. A gente tem muita luta pela frente e essa a nossa proposta enquanto movimento estudantil”, finalizou.

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