2022 É BEM AÍ, AS MAZELAS ESTÃO BEM AQUI

O Palácio de Karnak, sede do governo do PI (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Mal termina uma eleição e já se fala em outra eleição. Os eleitos nem tomam posse e já circulam rumores sobre aqueles que podem tomar posse daqui a quatro anos. Essa tem sido uma realidade no Piauí. Talvez nem só aqui! Nesse aspecto, nós da imprensa temos que fazer uma mea-culpa por pautar, às vezes de forma exagerada, pleitos que estão tão distantes. Mas quem precisa mesmo mudar as atitudes são os políticos do nosso Estado. A maioria deles.

O Piauí é um estado acometido por muitas mazelas, mas uma terra de gente trabalhadora e que não desiste fácil. Ainda somos um estado refém do atraso em muitos aspectos. Enquanto os piauienses vivem a esperar por tantas melhorias que nunca chegam, os burburinhos políticos incessantes e as manobras eleitorais não param na classe política. O pensamento é sempre a próxima eleição e nunca a prioridade da maioria é, de fato, a população.

Somos um lugar de políticos à frente do seu tempo, mas infelizmente apenas no quesito eleitoreiro. Nesse ponto, a maioria olha adiante. Enquanto muitos já vislumbram cenários para 2022, municípios do Piauí vivem à base de carros-pipa, hospitais funcionam em situação precária, obras inacabadas são consumidas pela ação do tempo e nossa gente sofre nas cidades e nos rincões. Enquanto os olhares estão para futuras eleições, o piauiense simples vive o hoje sem muita esperança de que algo impactante em suas cidades possa acontecer.

Basta andar pelo interior do Piauí para constatar que uma imensidão de coisas ainda precisa ser feita. É inadmissível que um município inteiro viva à base de carros-pipa mesmo estando a pouco mais de 80 km da maior represa artificial da América Latina. Acontece no Piauí! É inadmissível que um único delegado seja responsável por vários municípios ao mesmo tempo. É inconcebível que um aeroporto internacional que custou milhões seja subutilizado. É inaceitável que quase 300 bebês morram por ano numa maternidade do estado.

Se fôssemos listar cada problema histórico que o Piauí enfrenta, a relação seria grande, mas para nossa decepção não é esse o tipo de grandeza com que sonhamos. Está hora dos nossos representantes pararem um pouco mais de pensar em eleição, diminuir a ânsia pela ascensão em cargos eletivos e lutarem para mudar algumas das nossas tristes realidades. O Piauí não merece ficar todo o tempo sendo um dos últimos vagões da locomotiva Brasil.

Grande parte da sociedade brasileira está cansada de tantas mazelas e exige soluções efetivas para os problemas. No Piauí, a realidade é ainda mais urgente. Historicamente, temos sido vistos país afora como um estado atrasado e cujos governantes dão pouca resolutividade aos problemas. É preciso virar essa página e para isso faz-se necessário que grande parte dos nossos representantes pare de pensar o tempo todo em eleição.

É óbvio que sujeitos políticos não o são apenas em anos eleitorais, mas o exagero nas aspirações de cunho político-eleitoral impede que planos eficazes para o avanço do Piauí aconteçam nos mais variados segmentos. A eleição que reelegeu o atual governador Wellington Dias (PT) mal acabou de acontecer e ele nem posse do novo mandato tomou ainda.

Não é hora da classe política se movimentar pensando numa eleição de daqui a distantes quatro anos. Isso apequena nossos potenciais. A hora é de pensar no povo do Piauí, de resolver as mazelas históricas que acometem o estado e de ser protagonista de avanços e conquistas relevantes. Nada mais interessa nesse momento para o Piauí do que isso, afinal, 2022 pode até estar bem aí, mas nossos sérios problemas estão é bem aqui, agora.

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