Quando dizem que o nome de uma rua é "Rua Sem Prefeito", significa que o poder público ainda não passou por ali. Às vezes é uma crítica merecida, pela falta de compromisso do gestor, outras vezes, uma injustiça, pela falta de recursos que impedem que todas as ruas sejam calçadas ou asfaltadas de uma vez. Mas quando um bairro passa por uma obra de saneamento e depois disso parte dele ganha o nome de "Lagoa da Bost*", aí, definitivamente, tem coisa errada. E é o que aconteceu com bairro Barro Vermelho, em São João do Piauí.
Perdoe-nos, leitor, não vamos repetir o nome da lagoa. Mas é o nome que foi dado pelos populares da região indignados com o presente que o ex-prefeito Gil Carlos (PT) deixou para quem mora ali.
Uma obra orçada em R$ 10 milhões teve início em 2016, durante a primeira gestão de Gil Carlos. Ele foi reeleito, depois elegeu seu sucessor e até o momento, a Prefeitura do município já pagou 80% desses recursos à empresa vencedora da licitação. Porém, apenas 50% da obra está concluída segundo as medições da equipe técnica da Fundação Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.
O Política Dinâmica teve acesso aos documentos e é isso mesmo: o pessoal em São João do Piauí parece que andou brincando com dinheiro federal não apenas com aluguel de carro na Educação -- Operação Topique --, mas também com recursos da Saúde.
A maior parte das ligações das casas à rede de esgoto já foi realizada. Várias deles tiveram suas fossas sépticas desativadas. Mas a rede de esgoto atual termina em canto nenhum. A estação de tratamento ainda não foi finalizada, 5 anos depois do início das obras.
Não se sabe se por esse motivo ou se por uso de material inadequado, agora os dejetos ficam no meio da rua. Além da sujeira, urubus tomaram conta da cidade. Quando chove, lama e esgoto viram uma mistura de imundice que toma conta de todo o bairro e terminam por se acumular na parte mais baixa do bairro, que recebeu o nome de Lagoa da... você já sabe.
Quando em maio de 2016 a BM Engenharia assinou contrato com a Prefeitura Municipal de São JOão do Piauí, estava inadimplente com impostos federais. Mesmo com débitos em aberto junto a Receita Federal, foi capaz de receber repasses da FUNASA.
A empresa que venceu a concorrência, a BM Engenharia Ltda, pertence a aos empresários Isaías Vieira Filho e Neander Moura. O primeiro, irmão do deputado estadual Hélio Isaías (PP), o segundo, eleitor do mesmo deputado. Neander, aliás, foi candidato a vereador em Oeiras em 2020 e ficou na primeira suplência.
Como se vê, a história não fede apenas. O cheio ruim é mais forte quando se percebe as relações políticas dos proprietários da empresa.
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