GOVERNADOR RETOMA UMS EM PAES LANDIM PARA MANTER FORÇA POLÍTICA DE SUA FAMÍLIA E IMPEDIR CHEGADA DE RECURSOS FEDERAIS POR MEIO DE CIRO NOGUEIRA
Coisa inédita no Piauí aconteceu na terra natal de Wellington Dias (PT). No apagar das luzes de 2020, o governador mandou o secretário Florentino Neto (PT) pegar de volta para o Estado a gestão da Unidade Mista de Saúde. Os motivos, segundo apurou o Política Dinâmica, são dois: manter uma gestão política para sua família no município e, principalmente, impedir que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mande recursos para cidade e fortaleça, assim, a imagem do senador Ciro Nogueira (PP).
Sim, tudo se trata de 2022. Segundo fonte do PD dentro da secretaria de Saúde, “o que aconteceu lá em Paes Landim é inédito”. A Unidade Mista de Saúde, aliás, tem o nome do avô de Wellington Dias, Félix Barroso, que já foi prefeito da cidade e era pai de seu pai. A UMS foi municipalizada em 2007, durante o segundo mandato de Wellington.
A retomada da UMS foi uma jogada política tão urgente que foi realizada numa canetada do secretário Florentino Neto no dia 25 de dezembro, feriado de Natal. A portaria foi publicada no Diário Oficial do dia 28 de dezembro, mesma edição que traz a nomeação da ex-primeira-dama da cidade e esposa do primo de Wellington, o ex-prefeito Gutemberg Araújo, o Gutim do PT, que não conseguiu se reeleger em 2020.
O primo de Wellington foi derrotado por Thalles Marques, filiado ao Progressistas do senador Ciro Nogueira. Foram apenas 58 votos de diferença, mas a simbologia do resultado foi expressiva: Wellington e o PT rejeitados na “casa” do próprio governador. Com todos os parentes perdendo os cargos na Prefeitura e sem ter onde fazer favor em troca de votos, o jeito foi o governador retomar a UMS, que na cidade tinha um dos maiores quadros de funcionários, comissionados e contratos temporários da gestão municipal.
“Escutei por aqui que por conta da derrota do parente dele, o governador não quer o Ciro [Nogueira, senador] mandando dinheiro pra lá, porque é a cidade dele [Wellington] e também porque se chegar muito recurso federal, isso faria bem para a imagem do presidente [Jair] Bolsonaro”, revela a fonte.
Ainda segundo essa pessoa que trabalha na Secretaria de Saúde, por atrasos no repasse do cofinanciamento do setor, há casos mais urgentes precisando de atenção em municípios onde o atendimento não corresponde à demanda, provocando um efeito dominó que, em último caso, “pressiona fortemente” o sistema de Saúde de Teresina.
“Não quero avaliar do ponto de vista político. O que posso garantir, vendo nossos números aqui, é que, do ponto de vista técnico, temos dezenas de outros casos mais urgentes de prefeituras que não conseguem manter o atendimento de saúde em hospitais e unidades de saúde que foram municipalizadas lá atrás. Não vejo que esse seja o caso em Paes Landim. Em Palmeirais, temos um caso bem mais urgente, por exemplo, de hospital que poderia voltar para o controle do Estado”, argumenta a fonte.
E só essa denúncia já é o bastante para o Ministério Público do Estado do Piauí solicitar informações à SESAPI. O Política Dinâmica solicitou, mas até a publicação desta matéria, ainda não havia recebido qualquer resposta.
Por meio de Whatsapp, solicitamos à assessora de imprensa da SESAPI, Élida Sá, informações sobre o caso. A mesma mensagem foi enviada para o número do secretário Florentino Neto. Os servidores da SESAPI, segundo a assessoria de imprensa, estão de recesso desde o dia 31 de dezembro de 2020.
Bom dia, Élida.
Precisamos de informações sobre a Portaria SESAPI/GAB nº 747, de 25 de dezembro de 2020. Ela trata da reestadualização da Unidade Mista de Saúde de Paes Landim.
1. Por qual motivo a SESAPI retomou o controle da UMS?
2. Houve gestão política do governador Wellington Dias para que a UMS permanecesse sob controle de sua família na cidade?
3. Que critérios foram levados em consideração para o ato do sr. secretário de Saúde, Florentino Neto, neste caso?
4. Existe o planejamento do Governo do Estado do Piauí para retomar outras unidades básicas ou mistas de saúde em outros municípios?
5. Existe um estudo sobre o impacto financeiro sobre essas retomadas? Ou pelo menos sobre a retomada da UMS em Paes Landim?
Aguardamos o quanto antes as respostas.
Atenciosamente,
Marcos Melo
Política Dinâmica
Marcos Melo
Jornalista
Mais notícias sobre: