petista, sim. alienado, não!

por Maura Vitória e Marcos Melo

O deputado estadual Fábio Novo, do PT, é, a partir desta segunda-feira (29) o primeiro secretário de Cultura do Piauí. Assume a recém criada pasta com muitos desafios administrativos e políticos. Em primeiro lugar, planejar o resto do ano de 2015 sem o orçamento necessário para isso e, em segundo, gerir a pasta com independência. Desde o começo do ano, era sob o controle do PRP e a influência da primeira-dama Rejane Dias (PT) que se movimentava a extinta Fundação de Cultura. Numa entrevista exclusiva -- a primeira em que tratou do tema -- concedida à Clube FM 99,1, Novo não fugiu de nenhuma pergunta e não se conteve em nenhuma resposta. "Sou de um partido, mas não sou alienado", chegou a dizer.

INDEPENDÊNCIA POLÍTICA

Questionado por um ouvinte se o novo cargo seria um "consolo" por conta da perda da eleição da Presidência da Assembleia Legislativa, ou mesmo um "cala a boca" pelas reclamações feitas recentemente contra o Partido dos Trabalhadores e a presidente Dilma Rousseff, foi enfático e didático. “Como piauiense eu reclamei sim, eu sou de um partido mas eu não sou alienado. Quando meu partido comete um equívoco eu também reclamo e a perda do Banco do Nordeste não foi uma perda para o partido, foi uma perda para o Piauí. Eleição na presidência da assembleia eu disputei e acho que dei uma oxigenada para a Assembleia Legislativa do Piauí. Eu não preciso de consolo. Minha história me levou onde eu cheguei”, esclareceu. O vídeo com a resposta você vê a seguir.

AUTONOMIA FINANCEIRA

Durante a entrevista Fábio declara que a única exigência que feita ao governador para assumir a secretaria foi a de ter condições para trabalhar, já que segundo ele, se encontra muito bem na Assembleia, vivendo o seu melhor momento mas que não poderia dizer não quando foi colocado que era preciso do seu esforço para a área, desde que condições para fazer um bom trabalho fossem proporcionadas.

ORÇAMENTO

Assumindo que o ano de 2015 é difícil, Fabio diz que muita coisa vai ser retomada a partir de um planejamento criativo, trabalhando de forma inteligente para que os projetos possam vir a crescer no ano de 2016 e apontas caminhos. A busca do financiamento da Cultura se inicia nas emendas parlamentares da bancada federal e no Orçamento de 2016, que será discutido em novembro pelos deputados estaduais da Assembleia Legislativa.

Passa, também, pelo reforço do Sistema de Incentivo Estadual à Cultura, o SIEC, levantando o que já está aprovado para este ano de 2015. E, nesta mesma linha de trabalho com recursos de renúncia fiscal, centrar esforços na captação de verbas via Lei Rouanet. “Vamos chamar todo mundo que tem projetos aprovados e oferecer uma carteira desses projetos para os grupos em troca dos impostos e ainda vai tem a responsabilidade social ligada a sua empresa”, explicou o futuro secretário.

MUDANÇA NA GESTÃO CULTURAL

“Nós precisamos mudar o foco, a fundação (FUNDAC) era muito realizadora de eventos, não é que não vamos mais realizar, mas precisamos fomentar o que temos de produção cultural do estado”, explica. Falando de ações, Fábio lembra que no mandato anterior, a Lei de Incentivo à Cultura que potencializa a área através de renúncia fiscal do ICMS foi de sua autoria. Agora, na gestão da pasta, quer fazer a lei render grandes investimentos para o setor. É o primeiro passo para que A Secretaria de Cultura não seja uma mera produtora de eventos. Fábio comenta neste vídeo abaixo.

Outro ponto é a capacitação da classe artística e a formação de uma equipe capacitada em atender e ajudar a esse artista, que queira participar de um edital, na elaboração do seu projeto, já que muito dinheiro é perdido atualmente porque não há quem faça isso da maneira correta. Novo adianta que sua gestão planeja voltar com os editais, para lançamentos de livros, CDs e afins, para que qualquer cidadão, sem apadrinhamento, possa participar e lançar o seu produto através de um processo transparente formado por um corpo técnico profissionalizado.

PARCERIA COM A SEDUC

Fábio Novo fala em agilizar o acesso a recursos através do plano estadual e também em abrir caminhos através do Ministério da Cultura e de instituições parceiras e garante que terá autonomia para montar uma equipe sincronizada. “A ideia é de que nos coloquemos lá uma questão técnica para desenvolver um bom trabalho e é natural que cada gestão monte a sua equipe”. Com a garantia de que a nova estrutura da área de Cultura do Estado será independente, Fábio afirma que planeja focar nas questões de parcerias em áreas importantes, tendo já conversando então com a secretária de Educação, Rejane Dias, sobre alguns projetos. Ele quer levar cultura para dentro das escolas para torná-la mais atrativa aos estudantes e criar novos pilotos, lembrando mais uma vez o de Bom Jesus, onde os alunos da escola de rabecas, só podem continuar no projeto se as notas na escola publicas forem boas. Ele fala sobre a questão no vídeo que segue:

VALORIZAÇÃO DA CULTURA LOCAL

Fábio também aponta na valorização da cultura de raiz e com o exemplo da escolinha de rabecas em Bom Jesus, que foi criado em seu mandato e é a única do Brasil, ele também irá instituir a escola de sanfonas na região de São Raimundo Nonato e Dom Inocêncio, para que os jovens tenham opção de crescer longe da marginalidade e a criação da escola de bandolins na primeira capital, Oeiras. “Vamos focar esforços nessas áreas que são nossas tradições”, declarou o novo secretário.

Ele adiantou, também, que já foi discutido com o governador Wellington Dias que o PRODART (Programa de Desenvolvimento do Artesanato do Piauí) irá agora passar a ser responsabilidade da secretaria e, assim, Fábio pensa em profissionalizar os artesões nos moldes do que já acontece como são os produtores de cerâmica em São Raimundo Nonato, que vendem 80% dos produtos para outros estados e grandes grupos, como o Pão de Açúcar, para que eles possam aumentar o seu poder de venda e lucro.

“Nós precisamos organizar, capacitar e fazer a ponte com instituições como o Banco do Nordeste, para que os artesões se qualifiquem. Tirar a história do atravessador, tem gente que compra as peças baratas do nosso artesão e revende’’, apontou o deputado. Para a secretaria, um grande passo vem quando se avança na qualificação dos profissionais.

A escola de música e a escola de dança em Teresina, que segundo o deputado são referências e tem bastante potencial apesar de serem subaproveitadas, serão aplicadas também no interior do estado, fazendo com que a cultura circule através de corredores, colocando o artista piauiense em primeiro lugar. Projetos importantes na cena cultural em Teresina já foram retomados como o Boca da Noite que seria também interiorizado, aumentando a sua força assim como o Projeto Seis e Meia que viria aí, segundo Fabio, com uma retomada maior, valorizando a área do Teatro 4 de Setembro e os nossos pontos culturais.

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