ROMBO DE R$ 15 MILHÕES EM PAULISTANA

Crimes de fraudes em licitação de transporte escolar e aluguel de carros não são novidade no Piauí. Novidade mesmo é a Polícia Civil investigando isso. Na manhã desta quinta-feira (4) foi deflagrada a Operação Liderança, que investiga exatamente isso no município de Paulistana, cidade 452 km ao Sul de Teresina. Estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça do município.

Acompanhadas por auditores do TCE-PI, as equipes da Polícia Civil chegaram cedo em Paulistana para deflagrar a Operação Liderança (foto: PCPI Ascom)

É a Polícia Federal e a Operação Topique fazendo escola, vejam só! E finalmente alguém está dando sinais de que pode aprender.

Os alvos da Operação Liderança são exatamente a Prefeitura de Paulistana e a empresa Líder Transportes e Serviços, que ainda não se posicionaram sobre as acusações.

LICITAÇÕES DIRECIONADAS E SUPERFATURAMENTO DE 40%

De acordo com a Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), foi identificado que a empresa Líder Transportes e Serviços, mesmo sem patrimônio, estrutura e capacidade técnica-operacional, foi a única empresa vencedora de sucessivas licitações em Paulistana ao longo dos últimos anos. Fato que coloca em suspeita não apenas a atual gestão do prefeito Joaquim da Farmácia, mas principalmente a de seu antecessor e apoiador, o ex-prefeito Gilberto José de Melo, o Didiu. Ambos são filiados ao PSD dos deputados Georgiano Neto (estadual) e Júlio Cesar Lima (federal).

Quando recebeu a chave da cidade de Paulistana das mãos do ex-prefeito e apoiador Didiu, o atual prefeito Joaquim da Farmácia também teria herdado o esquema de aluguel de veículos (foto: Facebook)

Os contratos eram para aluguel de veículos para a administração pública, em especial para o transporte escolar. Segundo a investigação, somente em 2018, as contratações apresentaram indícios de sobrepreços de mais de 40%. 

Detalhe: segundo informações da investigação, a empresa foi criada exatamente em 08 de fevereiro de 2013, primeiro ano do primeiro mandato de Didiu à frente da Prefeitura de Paulistana.

Quando foi criada, inclusive, tinha capital social de apenas R$ 50 mil reais. 

MAIS ACUSAÇÕES E BENS SEQUESTRADOS

A Polícia Civil informou que há evidências de desvio/expropriação de recursos públicos e que estão sendo apurados crimes de associação criminosa, peculato e fraude à licitação.

A polícia foi à casa do ex-prefeito Didiu e também endereços ligados aos empresários que participaram do esquema (foto: PCPI Ascom)

Além do mandado de busca e apreensão cumprido na residência do ex-prefeito Didiu, outros agentes públicos também foram alvos como a atual secretária de Educação de Paulistana, o chefe de licitação do município, o ex-controlador do município e ainda os representantes legais da Líder Transportes e Serviços, os empresários João Lelis de Morais e Cate Suziana Melo de Moraes. Os policiais foram ainda até a sede da Secretaria da Educação e também na sede Prefeitura de Paulistana.

A Polícia Civil visitou vários endereços da gestão municipal além das residências do ex-prefeito e de empresários ligados ao esquema (foto: PCPI Ascom)

Na decisão judicial que determinou o cumprimento dos mandados, também foi estabelecido o sequestro patrimonial e a indisponibilidade de mais R$ 15 milhões da empresa investigada e de seus proprietários. A solicitação foi da Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), responsável pelas investigações, juntamente com o Tribunal de Constas do Estado do Piauí, e alcança a Líder Transportes e Serviços  e os empresários João Lelis De Morais e Cate Suziana Melo de Moraes, pedido que foram acatados pelo Juízo de Paulistana.

A operação teve participação de equipes da Gerência de Polícia Especializada (GPE), Gerência de Polícia do Interior (GPI), Delegacia Especializada em Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre);

E ainda: do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE), Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI);

Participaram também: auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) e equipes das delegacias de Picos e Paulistana.

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