por Lídia Brito

Ainda vai demorar muito para o projeto da vereadora Cida Santiago (PHS), que trata da proibição da discussão de gênero nas escolas municipais de Teresina, chegar às mãos do prefeito Firmino Filho (PSDB), para o veto ou a sanção da matéria. O presidente da Câmara, vereador Luiz Lobão (PMDB), afirma que a matéria terá que retornar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) devido a um vício na tramitação do projeto na Casa.

O retorno será necessário porque o relator da proposta, vereador Dudu (PT), não assinou a matéria antes dela seguir para a votação no plenário. “Um projeto que afeta tanto a sociedade como esse e que gera tanta repercussão não deve ser votado às pressas. Vamos seguir os trâmites legais para evitar que o projeto venha a ser judicializado. Se ele chegar ao prefeito desta forma vai retornar à Casa e demorar ainda mais para ser votado”, disse Lobão.

Na Câmara, comenta-se que o retorno do projeto à CCJ seria uma manobra visando “proteger” o prefeito da exposição negativa causada pelo projeto. Os aliados afirmam que Cida colocou Firmino em uma “sinuca de bico”. Se sancionar ele será execrado pelos movimentos sociais ligados a causa LGBT. Se vetar, Firmino vai enfrentar a irá dos religiosos. Pesa o fato, também, do prefeito ter fortes ligações com a Igreja Católica na capital.

O polêmico projeto teria rendido uma advertência do prefeito Firmino ao vereador Luiz Lobão. Segundo informações de bastidores, o tucano teria ficado insatisfeito com Lobão por ele ter deixado o projeto tramitar na Casa nesta situação e causar tamanha polêmica em ano eleitoral. O encontro entre os dois teria sido tenso no Palácio da Cidade.

REPERCUSSÃO NEGATIVA 

Indignada com a demora, Cida estaria preocupada também com a repercussão negativa que o engavetamento do projeto geraria junto as suas bases eleitorais. Na manhã desta terça-feira (12/04), um grupo de religiosos acompanhava a discussão do projeto na Câmara, aplaudindo os vereadores favoráveis a matéria e vaiando os contrários.

Cida fez um longo pronunciamento apresentando casos que segundo ela comprovariam que a discussão de ideologia de gênero traz sérios problemas para o desenvolvimento psicológico da criança. No relato da parlamentar, a discussão de gênero teria influenciado crianças a trocarem de sexo o que gerou distúrbios psicológicos com o tempo.

“Essa ideologia de gênero não existe na Constituição. Traz sérias perturbações mentais para a criança. Nossas crianças não estão preparadas para este tipo de discussão. Eles querem afirmar que não existe homem ou mulher, que você pode escolher o que será. Isso é uma grande aberração. Defendemos a família. Educação sexual deve ser dada pelos pais e não pela escola”, declarou.

A vereadora Rosário Bezerra se manifestou contrária a matéria e foi vaiada pelo grupo de religiosos que levaram bandeiras com a frase “Basta! Por amor à família digo não a ideologia de gênero”.