Na última semana o vereador Edson Melo passou o recibo de desorientação do PSDB. Ele, na condição de presidente municipal da sigla em Teresina lançou Kleber Montezuma como pretenso candidato a senador, e o presidente estadual do partido, Luciano Nunes, deixou que a história, como se subestimar o governador Wellington Dias (PT) gerasse, na prática, algum resultado positivo. É bem o contrário. O luto pela morte do ex-prefeito Firmino Filho parece estar prejudicando o raciocínio lógico dos tucanos.
A jornalistas que passeiam pela Câmara Municipal de Teresina, Edson revelou o teor de uma reunião do PSDB em que Klebão manifestou "vontade no corpo todo" de ser candidato a senador nas eleições do ano que vem. E olha que não tem nem um mês que o ex-prefeito foi enterrado.
Aliás, o Política Dinâmica apurou que nem todas as lideranças do PSDB estavam no encontro enquanto gente que nem é filiada ao partido estava presente.
"Vai ser uma disputa muito boa com o Wellington Dias. A gente espera que mesmo que ele não vença as eleições, mas que derrote Wellington em Teresina", comentou Edson, falando duas grandes besteiras, afinal nenhuma disputa em política é boa quando se aceita a derrota de antemão, nem há, neste momento, cálculo algum que aponte facilidade de algum nome do PSDB derrotar o petista na capital, como fazem pensar as palavras de Edson.
Talvez os tucanos estejam contando com o ovo dentro da galinha, acreditando que uma gestão fraquíssima do Doutor Pessoa (MDB) associada ao antipetismo crescente e o desgaste da imagem de Wellington farão qualquer nome do PSDB se destacar nas próximas eleições. Pesquisas nos bastidores apontavam que isso poderia funcionar com Firmino, que tinha acabado de sair da Prefeitura. Porém, nada indica que isso sirva para outra pessoa. Esse pensamento é até irresponsável do ponto de vista político e baseado apenas em subjetividade.
VAMOS AOS NÚMEROS
Edson talvez não tenha se atentado para o fato de que foi permitindo que adversários o subestimassem que Wellington Dias venceu todas as disputas estaduais que disputou de 2002 até aqui. Eleito quatro vezes governador em primeiro turno e eleito senador mais bem votado quando disputou a cadeira, o petista nunca perdeu em Teresina. A lista de quem subestimou Wellington Dias e pagou a língua com derrotas acachapantes é grande: Hugo Napoleão, Wilson Martins, Heráclito Fortes, Mão Santa, Robert Rios, Silvio Mendes, Zé Filho, Doutor Pessoa e o próprio ex-prefeito Firmino Filho são alguns desses nomes que podem ser citados.
Em 2002, Wellington Dias teve 214.018 votos na capital, quase o dobro da votação de seu principal adversário, Hugo Napoleão (à época, PFL), que alcançou apenas 109.054 votos. Hugo era apoiado por Firmino Filho e o petista era oposição.
Em 2006, teve 58% dos votos válidos na capital, uma soma de 220.951 mil votos, contra 23% dos votos válidos obtidos pelo próprio Firmino Filho, que somou apenas 86.320 votos, mesmo com Silvio Mendes na cadeira de prefeito.
Em 2010, quando disputou o senado, Wellington Dias obteve 236.737 votos na capital, enquanto o segundo senador eleito, Ciro Nogueira, atingiu a marca de 107.028 votos. Mão Santa ainda chegou à marca de 128.619 votos em Teresina, mas ficou sem mandato. O "batedor de esteira" de Wellington naquela campanha, Antônio José Medeiros, também do PT, ainda conseguiu a marca de 116.956 votos.
Em 2014, estando na oposição, Wellington foi eleito governador pela terceira vez com de 210.987 votos em Teresina. Zé Filho (PMDB), sentado na cadeira de governador, ficou em segundo lugar com 150.799 votos na capital.
Em 2018, Wellington foi reeleito com 148.389 votos em Teresina, superando outra vez seus adversários na capital. Em segundo lugar ficou Doutor Pessoa (Solidariedade) com 125.536 votos. Esse é o mesmo Doutor pessoa que derrotou Kleber Montezuma em 2020 para prefeito da capital, botando quase 100.000 votos de vantagem.
Todo mundo no PSDB sabe contar. É possível perceber a queda de votação de Wellington em Teresina em 2018, mas o histórico mostra que subestimar o petista é o primeiro passo para ser derrotado por ele.
IMPORTÂNCIA DO PROGRESSISTAS
Outro ponto bastante questionável na fala que Edson Melo distribuiu à imprensa, é o fato de que na visão dos tucanos, uma aliança com o PP de Ciro Nogueira "é natural, mas não é automática".
De fato não é. Mas numa eleição que vai ser polarizada como promete ser a de 2022, como é que o PSDB acha que vai ter uma boa votação de senador descolada de uma boa votação para governador?
A lógica de "ganhar em Teresina" mesmo que se perca a eleição também não é lá coisa muito inteligente de se andar falando por aí. Senador precisa de voto na capital e no interior. Mostrando que não se interessa pela política fora de Teresina, os tucanos deixam espaços vazios que na política geralmente são ocupados por adversários.
É bom trocar a água que se serve nessas reuniões do PSDB.
Comente aqui