OPERAÇÃO TOPIQUE: OS ALUGUÉIS DA SEJUS

Quando cumpriu mandados de busca e apreensão nas empresas que fazem parte da organização criminosa investigada pela Operação Topique, a Polícia Federal encontrou mais do que se poderia imaginar. Há vários documentos que apontam: o esquema extrapolou as licitações da Secretaria de Educação, sob o comando da deputada federal Rejane Dias.

Carlos Edilson e Daniel Oliveira: na época, o primeiro era o subsecretário do segundo na Justiça (foto: Instagram)

Uma anotação encontrada numa das agendas de Paula Rodrigues de Sousa -- gerente financeira da organização criminosa -- aponta que havia planos para fraudar uma licitação de veículos na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Com data do dia 27 de setembro de 2017, Paula escreveu um lembrete: “Preparar orçamentos para SEJUS”.

Logo em seguida vem a relação das empresas que deveriam participar de duas disputas: locação mensal e por diária. Todas elas empresas controladas pelo empresário e ex-filiado ao PT Luiz Carlos Magno da Silva, que também já fez parte dos quadros da SEDUC.

Esta é uma das muitas anotações encontradas pela PF durante os mandados de busca e apreensão (foto: PoliticaDinamica.com))

Durante o ano de 2017, a SEJUS mantinha pagamentos regulares com a LC Transporte Escolar (dependendo do contrato, também aparecendo como Locar Transportes), a principal empresa do esquema de desvio de recursos da Educação. Só naquele ano, a SEJUS realizou pagamentos que somam R$ 1.147.830,00 (hum milhão cento e quarenta e sete mil oitocentos e trinta reais).

Na época em que esses pagamentos eram realizados, a mesma empresa patrocinava viagens, dava mesadas, pagava contas e até premiava com casas quitadas servidores da SEDUC. Dentre eles, Helder Jacobina, que iniciou a terceira gestão de Wellington Dias (PT) esquentando a cadeira de secretário de Educação para Rejane Dias, a primeira-dama, poder sentar-se em seguida.

Suspeito: Daniel Oliveira era cota pessoal de Rejane Dias dentro da gestão de seu marido; na SEDUC, todo mundo com poder de decisão foi envolvido no desvio de recursos em contratos de aluguel de veículos (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

À época, Rejane não tinha ascendência apenas na SEDUC. A indicação de Mauro Eduardo para a Secretaria de Inclusão da pessoa com Deficiência e de Daniel Oliveira para a pasta da Justiça passaram pelo crivo da deputada, sendo também parte de sua cota pessoal na gestão. Daniel sempre foi muito próximo a Rejane, tendo sido, inclusive, seu advogado de campanha.

Detalhe: Helder Jacobina, réu na Operação Topique por lavagem de dinheiro e por corrupção passiva, também é advogado. E fazia parte dos quadros do escritório Carvalho & Oliveira Advogados Associados, o escritório de Daniel. Isso, logo antes dos dois fazerem parte do primeiro escalão do governo de Wellington em 2015.

Daniel e Helder eram do mesmo escritório antes de cada um assumir uma secretaria na gestão de Wellington na cota de Rejane Dias; ambos ordenaram despesas para empresas investigadas pela Operação Topique (foto: reprodução do site Código Do Poder)

A Polícia Federal entende que os contratos entre as empresas da organização criminosa e as demais secretarias de Estado devem ser investigados pela própria PF. Isso porque, ainda que os recursos nestes casos não sejam federais, os pagamentos se deram por força de adesão aos pregões montados para desviar recursos da SEDUC, um crime continuado.

O Política Dinâmica procurou os advogados Daniel Oliveira e Carlos Edilson (à época dos fatos, secretário e subsecretário da SEJUS, respectivamente) para comentar o fato. A eles, por meio de suas atuais assessorias de imprensa, foi questionado se trabalharam para direcionar contratos de locação, se conheciam Luiz Carlos Magno, e se receberam vantagens pessoais para garantir os contratos com as empresas da organização criminosa.

Até o momento, não obtivemos resposta. O espaço está aberto.

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