NÃO SABE DE NADA

Em resposta a apoiadores na manhã desta segunda-feira (28) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou que “não tem como saber o que acontece nos ministérios”, referindo-se ao fato de que a compra da vacina indiana Covaxin ter se tornado o principal tema da CPI da Covid.

A reviravolta na Comissão aconteceu após o depoimento do servidor do Ministério da Saúde do setor de importação da pasta Luis Ricardo Miranda dizer que encontrou suspeitas de irregularidades na compra do imunizante. O servidor é irmão do deputado Federal Luis Miranda (DEM-DF), e também informou que ele o irmão alertaram ao presidente Bolsonaro durante uma reunião no dia 20 de março.

Sobre a reunião Bolsonaro desconversou e disse que não tem como saber de tudo que acontece nos ministérios. “Eu recebo muita gente no Palácio, eu nem sabia de como tava a Covaxin, porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho [Desenvolvimento Regional] tem mais de 20 mil obras...eu não tenho como saber o que acontece nos ministérios, outros tem dezenas de obras, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado”, justifica Jair.

Miranda disse ainda em depoimento que recusou a assinar um documento – que seria uma nota fiscal internacional – da compra da Covaxin, porque, segundo ele, havia suspeita de irregularidade.

O parlamentar Luis Miranda disse ainda que ao falar pra Bolsonaro sobre a suspeita no contrato para compra da vacina indiana, o presidente Bolsonaro disse que “isso é coisa de fulano”, se referindo a outro parlamentar, logo em seguida, proferiu um palavrão. Antes de terminar seu depoimento, Miranda acabou confirmando que o nome ao qual Bolsonaro se referiu foi o de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.

Por conta do fato, os senadores da CPI deverão ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta segunda para apresentar uma notícia-crime contra o presidente Bolsonaro, sob alegação que o chefe de executivo cometeu o crime de prevaricação, pela omissão do presidente em não comunicar uma suspeita de irregularidade.

RELAÇÃO ESTREMECIDA COM O PP

O presidente Bolsonaro tem reclamado constantemente das ações ou falta delas com relação ao líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que deveria "defender" o bolsonarismo. Porém, o progressista tem ajudado a por ainda mais lenha na fogueira contra o presidente que agora ver uma ameaça mais real de impeachment chegar ao supremo. Vale lembrar, que logo no início da CPI no Senado, a base do governo estava descontente com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que também é presidente nacional do PP, mas que não estava sabendo desviar o foco da Comissão para o Governo Federal.  

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