“VAI, MAS NÃO VOLTA”

Em entrevista para o programa Bancada Piauí, da TV Antena 10, nesta semana, o prefeito de Teresina, Doutor Pessoa (MDB), causou reboliço e descontentamento na sua base política na capital ao afirmar que está de olho em quem poderá usar a “máquina pública da Prefeitura” para fazer pré-campanha e campanha visando a disputa de alguma vaga na campanha eleitoral de 2022. Segundo o prefeito, aquele secretário que quiser ser candidato vai se afastar do cargo, mas já sabe que não voltará e nem mais terá a indicação da pasta.

Eu não firmei apoio à ninguém e não aceito que nenhum dos secretários fazer política com dinheiro público nem neste ano e nem ano que vem. Agora conversar sem pontuar candidato a ou b é normal, mas usar a máquina pública num ano de pandemia e declínio econômico eu não aceito. jogarei fora, inclusive meu filho que está lá, ele tá me escutando sabendo que faço isso”, avisou Doutor Pessoa.

Doutor Pessoa em entrevista à TV Antena 10

O prefeito foi ainda mais duro e disse que não aceitará nem mesmo que o candidato que sair da prefeitura nem mesmo indique um novo gestor. “Quem for candidato vai e não volta mais pro lugar e nem tem colocação de irmão ou parente. Nem mesmo o Pessoinha, se ele perder, não volta mais para o lugar e nem aceito colocar outro no lugar, quem vai colocar sou eu”, afirma Pessoa.

APOIO EM 2022

Sobre quem a Prefeitura de Teresina e o Doutor Pessoa devem apoiar nas eleições de 2022, o prefeito desconversa e diz que pode estar de olho numa terceira via, deixando a entender que espera aparecer uma terceira pessoa como candidato como opção para não ter que escolher entre o candidato do governador Wellington Dias (PT) e o candidato do senador Ciro Nogueira (PP) que já protagonizada a pré-campanha para o governo em 2022. Doutor Pessoa disse ainda que a nível nacional a situação é a mesma, deixando a entender que também espera o surgimento de uma terceira via para não ter que optar entre os pré-candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (sem partido).

Prefeito Doutor Pessoa em visita ao presidente Bolsonaro em Brasília.

“Estou com o olho direito de um lado e outro esquerdo de outro. Mas, também estou com um olhar frontal, quem sabe assim não apareça uma terceira via, tanto a nível local, quanto a nível estadual”, explicou Doutor Pessoa.

HÁ AINDA PROMESSAS A PAGAR

A fala do prefeito pode ter assustado os secretários da Prefeitura que já deixaram claro que pretendem ser candidatos nas eleições de 2022. A dúvida deles é se o prefeito vai cumprir essa promessa, visto que há várias outras promessas ainda do tempo de campanha que não foram cumpridas pelo gestor. Segundo levantamento feito pelo Portal G1 Piauí, das 75 promessas de campanha feitas pelo gestor durante a campanha à prefeito de Teresina, até os seis primeiro meses de gestão, nenhuma havia sido cumprida.

A mais famosas dessas está a promessa de solução para o problema do sistema de transporte público da capital que enfrenta problemas há sete meses. Dentre outras promessas ainda não cumpridas estão: Criar novos Centros de Convivência da Terceira Idade; Colocar biblioteca, quadra e laboratórios e dar tablets para todas as escolas; Construir Centro Olímpico Municipal; Criar 30 campos agrícolas na zona rural de Teresina; Reorganizar a configuração espacial da rede de linhas de ônibus coletivos de Teresina, criando novas ligações, rotas e terminais; Realizar atendimentos itinerantes (saúde); dentre outras promessas.

SECRETÁRIOS CANDIDATOS

Ao que tudo indica as ameaças do gestor não vão intimidar aqueles que já se colocam como pré-candidatos nas eleições de 2022. Dentre esses está o secretário da Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (ETURB), Pessoinha (MDB) [filho de Doutor Pessoa], que ganhou de presente do pai a poderosa ETURB, responsável dentre outras coisas pelo asfaltamento de ruas da cidade.

Com a "máquina do asfalto" na mão e anunciando a compra de outras pela Prefeitura, o secretário Pessoinha tem na agenda várias entrevistas à imprensa anunciando asfaltamento de ruas por toda cidade. Como diria um bom crítico de político, o gestor – filho do prefeito não precisa de um apoio maior do que esse dado pelo pai prefeito [uma secretaria].

Outro também que pode não se sentir ameaçado com a “promessa” de Pessoa, é o “supersecretário” e vice-prefeito Robert Rios (PSDB). Ele ganhou esse apelido nos bastidores porque, além de acumular a vice-prefeitura, tem ainda a secretária de Finanças e a indicação de outras secretarias na capital. Em entrevista à imprensa, o próprio Robert Rios já ameaçou ser candidato a governador, caso o senador Ciro Nogueira (PP) também se candidate.

Posse de Pessoinha como secretário da ETURB / Visita do novo secretário à usina de asfalto. 

A ameaça do prefeito também pode atingir uma aliada tida como “revelação” na campanha eleitoral à Prefeitura de Teresina em 2020. A candidata do PSC ao cargo municipal na época, Gessy Fonseca (PSC), que ficou com o relevante terceiro lugar no primeiro turno do pleito e foi cortejada pelos dois candidatos, Pessoa e Kleber Montezuma, para apoio no segundo turno, tendo optado pelo lado do emedebista. Com a eleição de Pessoa, Gessy foi convidar à assumir secretaria de Economia Solidária. A secretária já avisou que pode até disputar o cargo ao governo em 2022, tendo inclusive surpreendido o prefeito durante uma ação com a imprensa com um “pré-pedido” de apoio, tido como “deselegante” por parte da administração municipal, causando ciúmes políticos em outros secretários.  

Além desses pré-candidatos que estão nas secretarias municipais, o prefeito também deve estar de olho nos vereadores que tem indicações na Prefeitura e planejam sair candidatos no próximo pleito, que é caso do vereador Dudu (PT) e do presidente da Câmara, Jeová Alencar (MDB).

Enquanto os secretários esperam que o “santo de casa faça sim milagres” o bom mesmo é doutor Pessoa se concentrar na administração municipal que ainda padece das promessas feitas na campanha.

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