Por Ananda Oliveira e Marcos Melo

Na última semana, a Assembleia Legislativa realizou uma audiência Para tratar sobre a situação dos hospitais geridos pelo Estado. O evento ocorreu por solicitação do deputado Rubem Martins (PSB) e estiveram presentes os próprios deputados estaduais, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), o Sindicato dos Médicos, o Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público.

Na discussão, a promotora Karla Daniel Carvalho sugeriu que a Assembleia aprove uma auditoria conjunta entre o Estado e a União. Os deputados Gustavo Neiva (PSB) e Rubem Martins devem apresentar o requerimento para apreciação da casa nos próximos dois dias.

“Como a saúde mexe com vários recursos federais, nós estamos acatando a sugestão da dra. Karla e vamos apresentar a esta Casa um requerimento que a gente espera que seja aprovado”, declarou Gustavo.

A representante do Ministério Público tem os dados referentes à relatórios do Datasus (em auditoria do Ministério da Saúde) que dão conta de irregularidades na gestão.

Caso os demais deputados sinalizem positivamente, os requerentes esperam envolver os Tribunais de Contas e Controladoria-geral da União e do Estado. A intenção é realizar um diagnóstico da Saúde no Piauí, analisando a gestão e repasses de todos os hospitais regionais. A motivação é dada pelas reclamações e denúncias feitas, que partem dos profissionais da saúde e de pacientes.

“No Hospital Infantil até as mães tendo que fazer comida porque não havia funcionários e as crianças com fome. (...) [Conselho e sindicato] são unânimes em dizer das péssimas condições dos hospitais”, declarou.

“AUDITORIA TEM CARÁTER PEDAGÓGICO”

Para Gustavo, a auditoria pode melhorar a forma como os hospitais estão geridos, trazendo mais informações para subsidiar o trabalho dos gestores. “É uma auditoria de certa forma pedagógica, para a gente ver em que está sendo gasto, como está sendo gasto e procurar com o resultado dessa auditoria otimizar a aplicação desses recursos, para que possamos dar uma contraprestação à sociedade de melhor qualidade”

A Sesapi forneceu a relação de recursos repassados mensalmente aos hospitais. Gustavo avalia que há uma discrepância entre o repasse e o serviço prestado por estes estabelecimentos. “O Hospital Regional Tibério Nunes, de Floriano, recebe mais de R$ 2 milhões mensais, sem se falar no pagamento dos servidores efetivos, que soma mais R$ 1 milhão e meio. Ao mesmo tempo, o Hospital de Parnaíba recebe R$ 1 milhão e 750 mil, menos que o hospital de Floriano”, pontuou. Para ele, esse seria um problema de gestão, já que a demanda e serviços prestados pelo hospital de Parnaíba são maiores que o de Floriano.

O deputado comentou ainda o impacto desses dados. “R$ 2 milhões para a saúde não é que seja muito, mas há várias prefeituras do Piauí que não recebem isso mensalmente, aí tem que cuidar da saúde, da educação, pagar todos os funcionários, infraestrutura”, assinalou.

Com a grande maioria de deputados compondo a base governista, aprovar a matéria será uma tarefa difícil.