DIRETOR DA JBS AFIRMA QUE CIRO NOGUEIRA RECEBEU R$ 42 MILHÕES EM DOAÇÕES DO GRUPO PARA O PP

Saud afirma que tratava diretamente com Ciro sobre as doações (Foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Por Ananda Oliveira e Marcos Melo

O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, foi citado em uma nova delação da JBS, pelo diretor de Relações Institucionais e Governo Ricardo Saud. Segundo ele, foram realizadas em 2014 compra de partidos para apoiar a campanha de Dilma, feita pelo PT e PMDB, com dinheiro de uma conta corrente de propina. “Os dois [partidos] comandavam isso. O Temer participava de tudo e a Dilma um pouco mais distante”, destacou. As doações ocorriam de três formas: dissimuladas, através de notas fiscais e em dinheiro.

Segundo Saud, Ciro teria recebido R$ 42 milhões no esquema por meio da J&F. 

“O meu contato foi o tempo todo com o senador Ciro Nogueira. (...) O PP começou com R$ 20 milhões e aí acabamos chegando a R$ 42 milhões. Acabamos pagando duas de R$ 20 milhões. Por isso que eu falo, não era só esse o valor que o partido recebia. Claramente eu sabia que era muito mais, mas não sabia de onde vinha o dinheiro. No PP só teve doações dissimuladas de oficiais e uma parte muito pequena em dinheiro. Não houve notas fiscais”, explicou na delação.

O membro do Ministério Público questionou também se o dinheiro em espécie foi entregue ao próprio Ciro Nogueira e o delator explica como ocorreu. “Essa propina em forma de doações foi um supermercado lá mesmo da cidade dele no Piauí que passou esse dinheiro para uma pessoa a mando dele. Pra ele mesmo não foi, isso eu não posso garantir”, declarou. Ele não cita na delação que supermercado seria esse.

Saud disse ainda que, para ele, os políticos estavam cientes da origem do dinheiro repassado.

“Quando eu falo que é doação dissimulada pode ser que o Renato Rabelo, o Ciro [Nogueira] ou senador Antonio Carlos não sabiam que era de corrupção, mas eu nunca tratei ideologicamente nada com eles que podia dar privilégio ou ajuda ao grupo. Nada. Então as pessoas entendiam que o dinheiro não era favorecido nosso, acho que eles sabiam de onde estava vindo, até porque era o PT que mandava eles virem me procurar”, declarou.

A reportagem não conseguiu contato com o senador para comentar as denúncias.

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