Durante a campanha que fez dele o novo prefeito de Teresina, Doutor Pessoa (MDB) prometeu de tudo. De transposição do rio Parnaíba até parques parecidos com os da Disneylândia. Mas o que se viu até aqui foi coisa bem diferente. Na semana em que Pessoa completa 100 dias de gestão (a data certa é o próximo sábado), Teresina pode refletir um pouco sobre a nova gestão da capital.
Então o Política Dinâmica começa uma contagem regressiva de 5 matérias sobre os primeiros meses de promessas descartadas sem a menor cerimônia pelo atual prefeito.
Hoje, vamos falar um pouco do transporte público.
DESINTHEGROU DE VEZ
Sejamos racionais: a transposição e os parques da Disney não são mesmo prioridades. Esses projetos que se confundem com alucinações não podem ser colocados na frente, por exemplo, de se encontrar uma solução para o problema de mobilidade urbana de Teresina. A promessa de Doutor Pessoa nesse ponto era "ajeitar" tudo até os seus 100 primeiros dias de prefeito.
E, nesse tempo, não vai conseguir.
Pelo contrário: a coisa piorou. Virou o "DesInthegra" do Pessoa.
MASSACRE DO MAIS POBRE
Sem pagar o que deve ao sistema nem cumprir as promessas de parcelamento e quitação de dívidas, a gestão de Pessoa empurra a mobilidade urbana para o colapso. E sacrifica a população pobre, que é a que mais depende do sistema de ônibus funcionando. Se já era caro pagar os R$ 4,00 por passagem no sistema Inthegra que não funcionava direito antes, imagine agora o usuário se vendo obrigado a pagar o dobro ou o triplo disso em corridas de aplicativos ou mototáxi.
Um exemplo simples: alguém que tenha uma renda de um salário mínimo hoje (R$ 1.100,00) por mês sem carteira assinada. Isso significa uma renda diária de R$ 36,60. No sistema de transporte público, imagine que gastaria R$ 4,00 para ir e outros R$ 4,00 para voltar do trabalho. Ao final do mês, seriam quase 22% da renda gastos em transporte. Mas durante a greve que durou 36 dias -- e ameaça voltar --, essa pessoa teve que usar mototáxi. Do centro para a Zona Sul, o valor médio da corrida é de R$ 12,00. Com outros R$ 12,00 para voltar, a soma fica em R$ 24,00, o que significa que dois terços (66%) da renda do trabalhador virou gasto com transporte. Dos R$ 1.100,00 , o trabalhador ficava com R$ 858,00, mas sem o transporte público funcionando, nesse exemplo, ficaria com apenas R$ 374,00.
E o prefeito fazendo de conta que não é com ele.
NÃO CUMPRE O QUE FALA
É, Pessoa não apenas desintegrou o sistema, mas também a pouca renda de quem já estava cambaleando financeiramente em consequência da pandemia.
Negociou o parcelamento de uma dívida de R$ 26 milhões da PMT com as empresas, prometeu pagar -- e não pagou -- R$ 1,5 milhão para que salários de motoristas e cobradores pudessem ser colocados em dia. Isso foi há 4 semanas e até o momento, tem trabalhador de barriga vazia esperando o prefeito honrar sua palavra.
MORDAÇA NO TRABALHADOR
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (SETUT), o acordo pré-firmado verbalmente ainda não se realizou, pois Doutor Pessoa quer incluir no acordo uma imposição: a de que motoristas e cobradores não poderão mais fazer greve.
A "Lei da mordaça", segundo alguns dos trabalhadores, seria um "passa-fogo" do prefeito para precarizar ainda mais a posição desses pais de família na mesa de negociações do setor.
Enquanto isso, nos bastidores da Prefeitura, fala-se numa municipalização do sistema, mas nunca é apresentado um estudo que justifique isso. Não há informações baseadas em dados que mostre que algo do tipo poderia melhorar o serviço para a população. Aliás, ali no Palácio da Cidade, já se fala bastante na construção de uma alternativa ao modelo atual de transporte público incluindo vans e micro-ônibus.
Coisa que se desenha com traços de esquema.
E dos grandes.
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