Há mais de dois anos a população de Teresina padece esperando transporte público de qualidade. A nova gestão municipal -- que assumiu o comando da Prefeitura em 2021 -- prometeu arrumar tudo em 100 dias, mas ao contrário disso, forçou uma paralisação de 11 meses e transformou o sistema de transporte numa “bomba relógio”, sempre armada e prestes a explodir atingindo 180 mil teresinenses que dependem diariamente do transporte coletivo.
Nessa terça-feira (24/05), os trabalhadores do Consórcio Urbanus pararam suas atividades e guardaram os ônibus na garagem alegando falta de pagamento dos salários. Com a paralisação, parte da cidade ficou sem transporte público. E hoje o prefeito se encontra em Brasília, segundo aspones dele, buscando "recursos" para a gestão.
Esse problema é recorrente. Com inúmeras greves desde 2021, a Prefeitura já chegou a emitir decreto de calamidade pública do sistema. A Câmara Municipal já realizou uma CPI que encontrou diversas irregularidades, mas, mesmo assim, as coisas foram piorando.
Em outubro de 2021, após meses de negociação, a gestão municipal decidiu por pagar parceladamente R$ 21 milhões que o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (SETUT) cobrava da PMT. O dinheiro é referente ao subsídio dado pelo Município para diminuição no preço das passagens e pela gratuidade, direito de grande parcela dos usuários, como os estudantes, por exemplo.
O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários justifica as paralizações e greves alegando atraso no pagamento de salários dos motoristas e cobradores, além do corte de diversos benefícios. Já o SETUT reclama que a Prefeitura vem atrasando no pagamento das parcelas mensais da dívida reconhecida e mais os valores dos subsídios atuais.
Um efeito cascata que gera o colapso do sistema.
QUEM RESOLVE O PROBLEMA?
Sem ter quem resolva definitivamente o problema, a Câmara aprovou nesta semana a realização de uma audiência pública para discutir o problema do transporte coletivo em Teresina.
No requerimento do vereador Dudu e Enzo Samuel consta como convidados o Ministério Público do Piauí (MPPI), a Ordem dos Advogados do Brasil - Piauí (OAB-PI), a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), a Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (Eturb), a Guarda Civil Municipal (GCM), o representante do Consórcio Urbanus e usuários do transporte público local.
Um teatro com péssimos atores.
NOTA DO SETUT
O SETUT esclarece que o repasse feito pela Prefeitura de Teresina na última sexta-feira (20) aos 04 consórcios, referiram-se ao acordo pactuado no mês passado, onde a gestão municipal deve repassar R$ 850 mil mensais, até o dia 04 de cada mês, para as empresas poderem pagar os salários dos seus colaboradores.
Esse repasse feito na sexta-feira passada referiu ao mês de abril/22, o qual deveria ter sido feito até o dia 04/5/22.
Infelizmente, pela segunda vez consecutiva, foi repassado com atraso!
A convenção coletiva de trabalho assinada para 2022, inclusive pelo presidente do Sintetro, não estabelece a obrigação das empresas fazerem adiantamento salarial. Os diretores do Sintetro estão exigindo condição não acordada, ou seja, sem nenhuma obrigação por parte das empresas.
NOTA DA PREFEITURA
A Prefeitura de Teresina informa que realizou todos os repasses financeiros acordados com os quatro consórcios do Setut. Informa ainda que os pagamentos foram feitos mediante a apresentação dos documentos necessários e apresentados pelo Setut.
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