BOLSONARO NUM DILEMA

Já certo que não terá como candidato a vice o general Hamilton Mourão nas eleições do próximo ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agora tem uma imensa dificuldade em escolher um nome que possa agregar e trazer mais confiança a sua campanha de reeleição. Apesar de falar em discursos que não se preocupa com pesquisas eleitorais, Bolsonaro tem se mostrado incomodado com os números, basta ver os ataques feitos ao seu principal concorrente e aos veículos de imprensa que julga destiladores de ataques contra o Governo.

Foto: Evaristo Sá/AFP

O motivo pelo qual não deve apostar na dobradinha com Mourão para o próximo ano está no fato de acreditar que o seu vice, por um período, tentou tirá-lo da presidência com declarações contrárias aos ideais dos bolsonaristas. Além disso, o próprio presidente já se mostrou que não tolera desavenças ou contradições dentro de seu governo, tendo inclusive já trocado vários ministros do primeiro escalão por ser posicionarem contra há algum ideal do governo.

Por conta disso, Bolsonaro está preocupado com a recuperação rápida da economia e com o avanço de programas sociais propostos para tirar o país da crise gerada pela pandemia, uma distribuição mais rápida e em maior quantidade da vacinação contra Covid-19, são vistos como pontos que pode alavancar a decadente pré-campanha de Bolsonaro que tem visto o ex-presidente Lula (PT) pegar distância e encorpar sua pré-candidatura nas pesquisas eleitorais que já colocam o petista como vencedor até num primeiro turno.

Assim Bolsonaro poderá ter dois caminhos para seguir em 2022, se conseguir que a economia cresça e que o país volte a crescer com mais distribuição de renda, o presidente deverá optar por um “vice raiz”, alinhado com as ideologias bolsonaristas e ainda alheio a partidos políticos, sendo alguém “novo na política” e com a cara de “bom moço”. Porém, se os planos derem errados para o fim deste ano e início de 2022, o jeito será o presidente optar por algum político mais experiente e líder de algum dos partidos tidos como “Centrão”. Além disso, esse novo vice deverá vir de uma região onde há um certo averso ao presidente, fazendo assim que a chapa dele possa ser vista com outros “olhos” e mais proximidade.

Nos bastidores da política, há inclusive alguns nomes já postos a mesa. Um deles é o senador piauiense e presidente nacional dos progressistas, Ciro Nogueira (PP), que foi dos que apostou na aliança entre o governo Bolsonaro e os partidos do Centrão, tidos até então como opositores a Bolsonaro. Caso essa vaga de vice não se configure, Bolsonaro deverá ao menos apoiar Ciro numa disputa ao governo do Piauí.

Há também quem aposte que o escolhido do presidente poderá ser o ex-governador da Bahia e líder do DEM, ACM Neto. É claro que o DEM teria que mudar todo seu discurso de partido independente, tendo o presidente do partido, ACM Neto, já declarado que não apoiará Bolsonaro e o partido deve ir para uma candidatura própria. Porém, é bem certo que o partido ainda não tem essa aceitação popular de independente, muito menos há um nome, até então, capaz de ofuscar o duelo entre Bolsonaro x Lula nas eleições do próximo ano.

Para que essa aliança entre o DEM e Bolsonaro ocorra, os bolsonaristas apostam num diálogo com Acelino que já tem dito que poderá ser candidato a governador na Bahia. Por outro lado, o apoio poderá vir, não sendo inclusive o nome de ACM Neto como escolhido, mas alguém indicado por ele para compor a chapa de Bolsonaro, por outro lado o Governo Federal apoiaria a candidatura de Acelino para governador. Vale lembrar ainda que outro político do DEM na mira do Planalto é o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco, que é bem alinhado ao governo Federal e pode ser um escolhido para disputar a vaga de vice-presidente na chapa de Bolsonaro.

foto: Alan Santos/PR

Enquanto não se decide, Bolsonaro terá que se equilibrar na ponta da caneta que tem nas mãos para que consiga dar prosseguimento ao seu governo e escrever capítulos melhores para seu Governo poder prosperar em 2022. Caso contrário, com tanta pressão a caneta pode estourar e o presidente não conseguir emplacar sua reeleição.

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