ANTÔNIO JOSÉ NEGA ENVOLVIMENTO EM DESVIOS

Em 2018 citamos 14 petistas no vídeo sobre a Operação Topique e o esquema do transporte escolar; Antônio José foi o único que contestou na Justiça. Perdeu. (foto: Marcos Melo | PoliticaDInamica.com)

O petista Antônio José Medeiros quer ficar longe do escândalo que envolve o possível desvio de aproximadamente R$ 200 milhões de recursos públicos apurados na Operação Topique, da Polícia Federal. Ao Política Dinâmica, Medeiros alega que sua gestão à frente da Secretaria de Educação do Piauí era bem diferente da gestão da deputada Rejane Dias nesse quesito. O petista nega fazer parte da organização criminosa investigada pela PF. 

A manifestação de Antônio José Medeiros vem em forma do que ele acredita ser um “direito de resposta” por conta de um vídeo que circula nas redes sociais (veja abaixo), em que explicamos como se deu a criação do maior esquema de desvio de recursos públicos federais do transporte escolar que se tem notícia na história do Brasil. O vídeo foi postado no Youtube em 6 de setembro de 2018, logo após a primeira fase da operação ter sido deflagrada. E voltou a circular de modo viral nos últimos dias, após a terceira fase da operação, na qual a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à esposa do governador Wellington Dias (PT).

Em 2018, Antônio José Medeiros era candidato a deputado federal e resolveu acionar o Política Dinâmica na Justiça Eleitoral solicitando direito de resposta. O pedido foi negado pelo juiz auxiliar José Gonzaga Carneiro. Veja trecho da decisão abaixo. 

A decisão completa também está disponível aqui: Decisão 1298-41.pdf.

MEDEIROS DÁ MAIS MOTIVOS PARA DESCONFIAR DE REJANE

O texto escrito por Antônio José Medeiros é praticamente um depoimento e dá mais motivos para desconfiar da gestão de Rejane Dias na SEDUC. Ele deixa claro que convênios com prefeituras e cotações locais de preço eram utilizadas antes do esquema da Operação Topique.

Direcionar licitações para “empresas atravessadoras” do dinheiro foi justamente o que viabilizou o desvio dos recursos públicos na gestão de Rejane, mas os envolvidos se fizeram valer da “bagagem administrativa” adquirida nos primeiros governos de Wellington Dias para montar o esquema. A Polícia Federal poderia, inclusive, juntar esse texto no inquérito da operação.

SEM SEDUC, VOTAÇÃO DE ANTÔNIO JOSÉ DESPENCOU

E já que estamos falando de 2018, curioso é o fato de que naquele ano, Antônio José Medeiros obteve apenas 11.035 votos para o cargo de deputado federal. Uma fração pequena dos 132.359 votos que obteve em 2006 e número praticamente insignificante diante dos 412.185 votos que alcançou para senador da República em 2010, quando mandava na SEDUC.

Pré-candidato a prefeito em União -- onde muito dinheiro foi desviado na gestão petista de José Barros Sobrinho, segundo a PF -- Antônio José sentiu que o conteúdo jornalístico do Política Dinâmica está atrapalhando sua campanha nas eleições de 2020 (foto: Jailson Soares | PoliticaDinâmica.com)

Já em 2018, Rejane Dias que mandava agora na SEDUC, obteve 138.800 votos para o cargo de deputada federal. Olha como são parecidos estes números! Coincidentemente, a Educação sempre fez um bem danado para o desempenho eleitoral de quem estava à frente da pasta.

ESQUEMA NASCEU DENTRO DA SEDUC EM 2008

As investigações da Polícia Federal apontam que o esquema de desvios nasceu dentro da estrutura da SEDUC em 2008. Pasta do governo do PT comandada exclusivamente por petistas. O vídeo acima explica, não precisamos repetir, mas reforçamos a informação.

Veja o depoimento a nota, na íntegra, abaixo:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Desde as fases anteriores da chamada “Operação Topic”, o Portal Política Dinâmica tem divulgado informações inverídicas envolvendo meu nome, inclusive com fotografia.

A inclusão de meu nome em uma narrativa claramente tendenciosa contra o PT não se baseia em nenhuma informação constante no Processo em andamento, em declarações de qualquer um dos órgãos responsáveis pela ação ou em fatos concretos ocorridos durante as duas gestões em que estive à frente da Secretaria Estadual de Educação.

Durante os dois mandatos do Governo Wellington Dias, em que estive como Secretário de Educação, o transporte escolar era realizado através de convênios com as Prefeituras, cujos prefeitos eram de diferentes partidos políticos, e de repasse de recursos para as Gerências Regionais de Educação (GREs). A função do Setor de Transporte era executar esses convênios e repasses, com base nas regras aprovadas pelo Secretário.

Cada Prefeitura é que fazia a licitação dos recursos conveniados.

E cada GRE fazia a coleta de preços junto a donos de ônibus; eram 1600 linhas em cerca de 200 municípios, operadas por cerca de 1.000 pessoas físicas ou jurídicas, empreendedores locais. A GRE recebia o repasse cada mês e prestava conta.

Os únicos contratos oriundos de licitação eram em Teresina, com as empresas Shalom e Strada. Por outro lado, a SEDUC só utilizava seus próprios veículos. Não foram contratados carros do tipo camionete para suporte das ações administrativas e pedagógicas da Secretaria.

DESAFIO O JORNALISTA RESPONSÁVEL PELA MATÉRIA DIVULGADA EM POLÍTICA DINÃMICA A APONTAR UMA ÚNICA EMPRESA QUE PRESTOU SERVIÇOS DE TRANSPORTE À SEDUC FORA DE TERESINA. DESAFIO TAMBÉM A CITAR UM ÚNICO CONTRATO DE CARROS TIPO CAMIONETE FEITOS NA ÉPOCA. A que esquema o Portal Política Dinâmica se refere e com que empresas?

Não é do meu estilo entrar com ações judiciais contra jornalistas, para não ser interpretado como defensor de qualquer tipo de censura. Solicito, pois, em nome da ética profissional no exercício do jornalismo e da hombridade moral que todo cidadão deve ter, ao jornalista Marco Melo que sejam publicados esses esclarecimentos como direito de resposta.

Que a Justiça cumpra sua função constitucional, sem parcialidade e ou viés político. Que todos os que estão sendo investigados tenham amplo direito de defesa. E mais uma vez manifesto minha solidariedade aqueles que estão sendo expostos indevidamente em espetáculos que configuram abuso de autoridade.

Teresina, 29 de julho de 2020

Antonio José Medeiros

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