Esta semana o prefeito Doutor Pessoa (MDB) entregou a vereadores seu projeto de reforma administrativa, onde a principais mudanças são: trocar o nome de Secretaria de Comunicação para Coordenadoria de Comunicação; trocar os nomes das Superintendências de Desenvolvimento Urbano para Superintendências de Ações Administrativas.
Enquanto de cima do palanque em que se encontra hoje Pessoa troca nomes de secretarias, o seu vice, Robert Rios (PSB) já iniciou nos bastidores sua própria reforma: trocar os nomes que ocupam as secretarias. Esse sim, um movimento grande, com suporte na comunicação da campanha de 2020 e que opera em redes sociais (e fora delas) como canais extraoficiais legitimados pelo "prefeito de fato".
O VICE É O PREFEITO
A principal mudança conduzida por Robert é trocar o comando do Executivo municipal. E isso já aconteceu. Pergunte a 10 políticos e 11 vão dizer a mesma coisa: “quem manda em tudo lá é o Robert”. Questione jornalistas que cobrem o mundo da política e é a mesma coisa. Faça uma pesquisa qualitativa quando tivermos 100 dias de administração, e não será diferente, as pessoas já estão entendendo isso. Robert fala, aponta, impõe respeito e decide.
Aliás, para Robert, o papel de “Rainha da Inglaterra” que Pessoa faz hoje lhe confere mais liberdade para agir. E a partir daqui o resto da reforma segue sem grandes obstáculos.
O PRIMEIRO-MINISTRO VAI EMBORA
João Henrique Sousa está com dias contados na Prefeitura. O atual secretário de Planejamento foi importantíssimo na articulação política da campanha de Pessoa, muito mais que Robert, diga-se, aqui, a verdade. E por isso mesmo é um risco. Tratado durante a transição e primeiros dias de gestão como “primeiro-ministro” de Doutor Pessoa, ele quis mesmo ser indicado para a pasta que Robert ocupa hoje, a de Finanças, ou, no mínimo, a de Administração.
Mas João está nesse momento dividindo espaço com copinhos de água mineral numa geladeira dentro do Palácio da Cidade. Deve deixar o cargo quando a gestão completar 100 dias. Já se queixou a muitos sobre a situação. Para Robert, já vai tarde.
PESSOINHA, CUIDADO...
Também não é segredo que Robert nunca quis que o advogado João Duarte, o Pessoinha, assumisse cargo na Prefeitura. Ali, perto de Doutor Pessoa, o nobre argumento de que “colocar parente” contrariava o que foi dito na campanha, dava discurso para a oposição e era um sinal ruim para os eleitores. De verdade? Um pai sempre escuta um filho e um filho sempre alerta um pai. É o natural.
Os meios mudaram, mas fim deve ser o mesmo. Pessoinha primeiro assumiu a pasta da Juventude e agora acumula, também, a Eturb. Relatórios sobre a gestão de João Duarte já estão em construção. Antes disso, devem chegar aos ouvidos de Pessoa algumas maldades plantadas com a “boa intenção” de evitar crises futuras e propósito de tirar o rapaz de dentro da Prefeitura.
O CONSELHEIRO
Hoje a PMT funciona com três ilhas de poder. Robert, a maior delas; João Henrique, a cada dia menor; e Adolfo Nunes, o secretário de Governo, que aconselha Pessoa desde a derrota de 2016 e hoje tem o poder de nomear a exonerar dentro da Prefeitura. Adolfo também estaria com dias contados no Palácio da Cidade. Parentes com o mesmo sobrenome dele na PMT -- principalmente na FMS -- estão vigiados por gente que serve ao vice. Não funcionando nenhum movimento antes disso, vai sair no início de 2022.
Nunes tem o plano de ser candidato a deputado nas próximas eleições. Já foi deputado estadual eleito três vezes e uma vez suplente. E quer voltar para a Assembleia. Robert Rios já tem um amigo dando essa corda em Adolfo, o atual líder da PMT na Câmara Municipal, Renato Berger. O acordo seria Renato ser conduzido à Presidência da Câmara Municipal.
PROCURANDO OUTRO
Na Procuradoria-Geral do Município o vice-prefeito também estaria avaliando que é preciso haver mudança. Aurélio Lobão foi uma indicação do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Celso Barros Neto, mas não agradou a Robert, que já sonda perfil mais alinhado à seu estilo beligerante sem questionamentos. Ele quer alguém assinando contorcionismos jurídicos que deem suporte a seus rompantes. O caso do decreto de combate à pandemia e a crise no transporte público são citados por fontes sobre o assunto.
Essa fritura também já está no forno.
Sem depender de projeto nem um voto que seja de vereador, em algum tempo -- menos do que se poderia imaginar -- é provável que tenhamos uma Prefeitura completamente diferente.
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