O pt tem medo dela

A vice-governadora Margarete Coelho foi uma das felizes surpresas da campanha eleitoral de 2014. Em apenas 6 meses, sua popularidade se tornou tão contagiante que o PT e a primeira-dama detonaram sua indicação para a Secretaria de Governo, com receio da viabilidade dela a um cargo maior em 2018.

Pouca gente sabe, mas Margarete Coelho já havia sido cogitada como vice de Wellington Dias em outra campanha, a de 2006. À época, anterior ao seu primeiro mandato de deputada estadual, ela era conhecida “apenas” pela competência jurídica nos tribunais eleitorais. Mas um desentendimento entre Ciro Nogueira (naquele tempo, deputado federal) e Dias fez o PP seguir o caminho de outra coligação, o que abriu espaço para Wilson Martins (PSB) ser o vice governador do petista.


Fazendo campanha ao lado de Wellington, Margarete ficou conhecida em todos os municípios do Piauí e ligada à boa imagem que os eleitores piauienses tem dele

Em 2010 Margarete foi eleita deputada estadual e em 2014, escolhida candidata a vice na terceira campanha de Wellington ao Governo Estadual. A inclusão de seu nome na chapa majoritária se deu muito mais por uma questão de marketing – foco no eleitorado feminino e blindagem de Wellington contra ataques à chapa – do que propriamente adição de grupos políticos. Subestimaram a escolha.

Focada na campanha, a vice foi uma fortaleza de otimismo e simpatia. Passou a ser conhecida em todo o estado e causou uma ciumeira danada nas agendas casadas do candidato petista e de sua esposa, candidata ao cargo de deputada federal, deixada de lado em várias selfies de eleitores que queriam sair ao lado apenas de Wellington, Margarete e Elmano Ferrer.

O discurso da nova política e as promessas de mudança no “trato com a coisa pública”, repetido mais de 224 vezes coube como uma luva na conduta e no perfil técnico de Margarete. E isso antecipou planos de Wellington Dias para seu aproveitamento na nova administração. Recebeu o convite para seguir à frente da Secretaria de Governo.


Sem ter, hoje, um nome que possa suceder W.Dias, o PT trabalha para que nenhuma outra pessoa ocupe essa lacuna do partido

Duas semanas antes de assumir o posto, foi desconvidada, por força da primeira dama Rejane Dias e colaboração de segmentos do PT que enxergam em Margarete um grande potencial: o de ser aclamada candidata ao Governo em 2018. Um pensamento que nunca é antecipado demais para ocorrer na cabeça de quem vive da política. E deve-se reconhecer que, ocupando o cargo que ocupa e tendo a visibilidade natural dele, pelo menos hoje, está muito mais perto disso que diversos outros virtuais candidatos, da base ou da oposição.

É muito provável que Wellington Dias não seja candidato à reeleição por força da reforma política. Se alguém com carisma suficiente, capacidade técnica e posição estratégica no Karnak também tivesse o poder de articulação e decisão da secretaria de Governo, seria, fatalmente, uma escolha natural e viável. Ainda mais diante de um PT sem outra expressão individual que se aproxime de Wellington.

E a se tirar pelas escolhas políticas realizadas por Dias para compor o resto do seu Governo, talvez o melhor para Margarete tenha sido mesmo o “desconvite”. Ou do contrário, certamente as missões de secretária seriam uma desconstrução de sua imagem.

Ainda assim, a vice governadora é monitorada pelo PT, que tem medo de que ela “aconteça”. E está certo em temer.

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