‘Não necessito de blindagem’, diz Cunha

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rebateu nesta sexta-feira (12) as críticas de que estaria sendo blindado na CPI da Petrobras e disse que não precisa da blindagem “de quem quer que seja”.
Na sessão de quinta (10), sob protestos de deputados do PSOL, PT, PPS e PSB, a comissão deixou de votar requerimentos de pessoas acusadas de envolvimento no esquema de corrupção da estatal com potencial para incriminar o PMDB e Cunha, que são alvo de investigação da operação Lava Jato.

“Não necessito de blindagem de quem quer que seja, convoquem quem quiser convocar, eu já fui à CPI e volto quantas vezes quiserem. Então, não tenho nenhuma preocupação em relação a isso”, afirmou Cunha.

Entre os requerimentos aprovados pela CPI estão a convocação das duas filhas do doleiro Alberto Youssef, principal delator contra o peemedebista, da sua esposa e da sua irmã, além da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico delas – o que, na avaliação de deputados nos bastidores, poderia ser interpretada como uma forma de pressionar Youssef.

Cunha disse, porém, que não sabia o que estava em votação. “Nem tomei conhecimento do que estava sendo votado, sequer estou preocupado com o que está sendo votado”, afirmou.
Em sua delação premiada, o doleiro afirmou que Cunha era um dos beneficiários das propinas pagas à Petrobras e que, por meio de aliados, apresentou requerimento na Câmara para pressionar uma das empresas a retomar os pagamentos.

A pauta da comissão foi elaborada pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que é aliado de Cunha. Diversos deputados, entre eles Ivan Valente (PSOL-SP), exigiram a votação de requerimentos para convocar o empresário e delator da Lava Jato Júlio Camargo, que cuidava do contrato apontado como fonte da propina para Cunha, e do ex-policial Jayme de Oliveira, conhecido como Jayme Careca, que teria entregado dinheiro a Cunha.

Motta negou haver qualquer tipo de blindagem. “Não vou admitir que eu seja mal julgado”, disse na quinta, antes de deixar a sessão no meio por conta de um compromisso em seu estado.

Responsável por continuar conduzindo a votação, o vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), afirmou que os requerimentos "serão incluídos em uma outra oportunidade".

No total, a CPI aprovou 140 requerimentos, a maior parte contrária ao PT, que incluem a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e acareações do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, com delatores do esquema.

A aprovação em bloco se deu enquanto a sessão no plenário da Casa estava suspensa. Pouco depois, Cunha retomou as votações no plenário, o que, pelo regimento, impede que qualquer coisa seja votada nas comissões. Isso se deu justamente quando deputados defendiam aprovar requerimentos desfavoráveis a Cunha.

Fonte: G1

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