Novos nomes da delação premiada do dono da UTC

Documentos obtidos pelo Jornal Nacional mostram que o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, deu uma extensa lista de nomes de políticos que podem ter recebido doações de campanha com dinheiro ilícito.

São casos de caixa dois e também de doações legais e contabilizadas. Os documentos fazem parte da delação premiada que o empresário celebrou com a Justiça.

Ricardo Pessoa é apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como o chefe do clube de empreiteiras que fraudava negócios com a Petrobras.

Segundo o delator Júlio Camargo, cabia a Pessoa realizar encontros entre donos e diretores das empresas. Nessas reuniões, de acordo com os investigadores, eles combinavam preços superfaturados para apresentar em licitações da estatal.

As doações feitas por Ricardo Pessoa constam em tabelas, na quais ele controlava as doações feitas a políticos. As tabelas mostram nomes de políticos de vários partidos. Não há como separar quais foram legais e quais eram de caixa dois. Ricardo Pessoa falou ao Ministério Público Federal que as doações lhe davam destaque e poder.

As quantias destinadas aos políticos tinham diversos propósitos, todos com um objetivo comum: manter os negócios da UTC funcionando.

A delação de Ricardo Pessoa já foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, a investigação vai apurar se as denúncias do empreiteiro têm fundamento e se ele poderá ter direito aos benefícios da delação. Preso em 2014, na sétima fase da Lava Jato, o empreiteiro cumpre prisão domiciliar desde que se propôs a contar o que sabia.

José Dirceu
Em alguns casos, Ricardo Pessoa detalhou como e por que fez os pagamentos aos políticos. No caso de Zeca Dirceu, por exemplo, o empreiteiro disse que fez uma doação legal à campanha dele, em 2010, no valor de R$ 100 mil. Segundo Pessoa, a quantia foi pedida por José Dirceu.

Nos depoimentos, o empreiteiro disse ainda que fez pagamentos à empresa de Dirceu, a JD Consultoria, “Apenas e tão somente em razão de se tratar de José Dirceu e da sua grande influência no Partido dos Trabalhadores”. Pessoa disse que saber o ex-ministro não tinha como trabalhar nos contratos firmados entre a UTC e a Petrobras, já que estava preso na época em que destinou cerca de R$ 3 milhões à JD.

A defesa do ex-ministro José Dirceu negou que ele tenha recebido pagamentos ilícitos. Disse que prestou serviços para a UTC e que as cópias dos contratos e das notas fiscais foram encaminhados à Justiça Federal do Paraná em janeiro deste ano.

PT e Edinho Silva
Em uma das tabelas, estão detalhados os pagamentos feitos ao PT. Segundo o empresário, o partido recebeu, entre 2006 e 2014, R$ 16,6 milhões da UTC.

Esse valor não conta dos repasses feitos a campanhas presidenciais do partido. Em um dos documentos, aparece o contato de Manoel Araújo, chefe de gabinete do ministro das Comunicações Edinho Silva, responsável pela arrecadação da campanha da presidente Dilma Roussef à reeleição.

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que todas as doações foram feitas de acordo com a legislação eleitoral. Ele lembrou que o chefe de gabinete, Manoel Araújo, foi responsável pela parte burocrática das doações recebidas em 2014.

Lula
Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o documento cita que foram repassados R$ 2,4 milhões para a campanha dele.

Pessoa afirmou ainda que encontrou o ex-presidente em sete oportunidades. Contudo, não afirmou com certeza se Lula sabia da origem ilícita do dinheiro.

A assessoria do ex-presidente Lula declarou que não tem conhecimento dos documentos citados na reportagem e alega que houve um vazamento seletivo e talvez ilegal do conteúdo da delação. Por essa razão, o ex-presidente prefere não se manifestar.

Fonte: G1

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