Doleiro diz que negociou com Vargas na Câmara

Em sessão da CPI da Petrobras, o doleiro Leonardo Meirelles – sócio do doleiro Alberto Youssef– afirmou nesta quinta-feira (24) que se reunia com o ex-deputado André Vargas (sem partido-PR), no gabinete da vice-presidência da Câmara dos Deputados, para tratar do contrato do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde. O contrato é um dos alvos de investigação da Operação Lava Jato.

À época em que o doleiro disse ter participado de reuniões na Câmara, André Vargas ocupava o cargo de vice-presidente da Casa. O ex-petista deixou o cargo em abril de 2014 após vir à tona a sua ligação com Youssef. Depois, ele acabou tendo o mandato cassado pelos deputados federais.

Na última terça-feira (22), o juiz federal Sergio Moro condenou Vargas por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é o primeiro político a ser condenado em um processo derivado da Operação Lava Jato.

Preso desde abril deste ano pela Lava Jato, o ex-deputado paranaense é acusado de ter feito lobby, a pedido de Youssef, para indicar o laboratório Labogen para um contrato de R$ 35 milhões com o governo federal para a produção de medicamentos.

Segundo as investigações da Lava Jato, porém, a Labogen, que era de Meirelles em sociedade com Youssef, não tinha condições de fabricar os princípios ativos e seria uma empresa de fachada para enviar dólares ao exterior a partir de falsos contratos de importação. O dinheiro seria usado para pagamento de propina a ex-diretores da Petrobras.

Meirelles contou que o ex-deputado André Vargas participou de todas as fases de negociação com o Ministério da Saúde, mas que trataram apenas de questões técnicas.

"Todas as reuniões sobre o projeto da Labogen que tive foram aqui na Casa, no gabinete da vice-presidência. Ele me perguntava assuntos técnicos", disse o doleiro.

Ele contou ainda que procurou Vargas por indicação de Youssef e que a negociação política era tocada por outros sócios seus na Labogen. Segundo Meirelles, Vargas nunca lhe pediu propina.

O doleiro relatou que que comprou a Labogen por apenas R$ 1, assumindo um passivo de R$ 54 milhões, e que, num segundo momento, Youssef entrou como sócio da empresa.

Em seu depoimento aos deputados, Meirelles confirmou o que já havia dito em depoimento ao Ministério Público de que ajudou Youssef a lavar, por meio de suas empresas, cerca de US$ 120 milhões de dólares nos quatro anos em que atuaram juntos.

Fonte: G1.

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