Após delação, Góes fala à Justiça em processo da 10ª fase da Lava Jato

O empresário Mario Góes, lobista acusado de atuar como operador no esquema de desvio de dinheiro e de corrupção na Petrobras e que fechou recentemente um acordo de delação premiada, será ouvido pela Justiça Federal do Paraná nesta segunda-feira (3).

A audiência está marcada para as 17h e envolve um processo da 10ª fase da operação.

Entre os réus nesta ação estão o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o empresário acusado de ser um dos operadores do esquema de pagamento de propina Adir Assad.

Este depoimento de Góes tinha sido marcado para quinta-feira (30), mas foi adiado para esta segunda devido a homologação da delação. Ele estava detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais e foi liberado para cumprir prisão domiciliar ainda na quinta-feira.

Mario Góes é acusado de ser um dos operadores do esquema envolvendo as empresas Arxo e Andrade Gutierrez. No dia 17 de julho, em seu último depoimento, Góes não chegou a ser interrogado pela Justiça porque estava abalado e chorou durante a audiência.

Com a delação, Góes passa a colaborar com as investigações da Operação Lava Jato passando informações sobre o funcionamento do esquema e a participação de suspeitos em troca de benefícios, como redução de pena, em caso de condenação. Além disso,

MULTA DE R$38 MILHÕES 

Mario Góes deverá pagar uma multa compensatória de R$ 38 milhões. Os valores foram definidos nos termos do acordo da delação.

A reclusão em casa é um dos benefícios obtidos por Góes com o acordo de colaboração. Pelos termos, ele só poderá ser condenado a, no máximo, 15 anos de reclusão nos processos penais a que ele já responde, e também em processos relacionados à Lava Jato que venham a ser instaurados no futuro.

Da pena total, Góes deverá cumprir um ano e seis meses em regime fechado diferenciado, na residência em que vive no Rio de Janeiro, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Deste prazo será descontado o tempo que ele permaneceu preso preventivamente. Góes não pode deixar o local sem autorização da Justiça ou do MPF, e tampouco receber visitas - à exceção de familiares e advogados informados ao juízo.

Após o fim do regime fechado, Mario Góes deverá cumprir mais dois anos e seis meses em regime semiaberto, além de prestar 40 horas mensais de serviços à comunidade. Cumprido este prazo, haverá a progressão para o regime aberto por mais dois anos e seis meses. Neste regime, ele deverá informar à Justiça sobre viagens, atividades profissionais, além de evitar locais como boates, bares, casas de jogo e de prostituição.

Da multa de R$ 38 milhões, U$S 8,5 serão pagos imediatamente através da transferência de valores mantidos em contas bancárias de empresas de Góes no exterior. O restante deverá ser pago em até dois anos, mediante a venda de imóveis do colaborador. Ainda não há destino definido para o dinheiro, mas o acordo prevê que o MPF viabilize a transferência para a Petrobras, ou outro órgão público.

CONTRATOS FORJADOS

Góes reconheceu nos depoimentos que usou a empresa dele, a RioMarine para forjar contratos fictícios com empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras. Segundo ele, esses contratos serviam para operacionalizar o pagamento de propina à diretoria de Serviços da estatal.

O empresário também afirmou ter recebido dinheiro em espécie da construtora UTC, cujo dono, Ricardo Pessoa, também foi preso na Lava Jato. Segundo Góes, o dinheiro seria repassado ao então gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco.

Em nota, a defesa de Barusco disse que o depoimento de Góes confirma o que ele próprio já havia dito em outras oportunidades à Justiça.

Fonte: G1

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