TOPIQUE: DUAS FACES DA MESMA MOEDA

Já se sabe que Pauliana Ribeiro (PL) pode ser presa a qualquer momento no âmbito da Operação Topique. Basta que a Justiça Federal considere um pedido do Ministério Público Federal pendente de decisão desde o início do ano.

Pauliana e Gil, adversários na política, mas ligados pelo esquema: duas faces da mesma moeda chamada corrupção (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

O que nem todo mundo sabia até aqui é que o mesmo camburão pode dar duas viagens a São João do Piauí, cidade onde a prima da primeira-dama Rejane Dias concorre ao cargo de vice-prefeita pela oposição na chapa do Dr. Alexandre (PSB). Na primeira ida, pega a ex-faz-tudo da SEDUC. Na segunda, o alvo pode ser o atual prefeito Gil Carlos (PT), que tenta eleger seu tio Ednei Amorim (PT) como sucessor. 

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Topique apontam que diversas prefeituras do Piauí e outras do Maranhão também mantinham relação com a organização criminosa que desviava recursos do transporte escolar e de contratos de aluguel de veículos. Provas dessa cumplicidade foram encontradas aos montes em buscas e apreensões nas três primeiras fases da operação.

LICITAÇÕES DIRECIONADAS

Ao cumprir mandados na sede da principal empresa da organização criminosa, a Locar Transportes, a PF se deparou com agendas e cadernos. Neles, anotações sobre distribuição de propinas – dinheiro, imóveis e veículos –, bem como cronograma de ações e acompanhamento de processos licitatórios.

Gil sempre foi um dos políticos mais ligados a Rejane Dias, ex-secretária de Educação que comandava a pasta à época do esquema de desvio de recursos (foto: Jailson Soares | PoliticaDInamica.com)

O cruzamento dessas anotações com registros bancários e outras informações levaram às denuncias que já foram aceitas pela Justiça contra Pauliana Amorim, Helder Jacobina e Ronald Moura, além do chefe do braço privado da organização criminosa, Luiz Carlos Magno.

O Política Dinâmica teve acesso a outras dessas anotações, ainda não divulgadas e nas quais se baseiam investigações em curso. Uma delas trata exatamente sobre São João do Piauí.

A anotação feita a mão foi escrita pela contadora da organização criminosa; de onde saiu essa tem muito mais (foto: Politica Dinâmica)

Segundo uma das anotações com data de 30/01/2018, era necessário “finalizar o edital de São João do Piauí”, levando a crer que o edital foi elaborado pelos próprios funcionários da empresa que venceria a licitação, apontando a fraude de direcionamento da concorrência.

Antes mesmo disso, já desde seu primeiro mandato, o atual prefeito Gil Carlos já havia assinado contratos com as empresas Locar Transportes e Line Turismo, pertencentes a Luiz Carlos Magno. E estes contratos eram renovados ano a ano, tanto por meio de aditivos quanto por meio de novas licitações, sempre vencidas pelas empresas do esquema.

MUITA COISA PELA FRENTE

Mesmo tendo contas aprovadas no Tribunal de Contas do Estado do Piauí – ainda que algumas delas com ressalvas –, Gil Carlos ainda vai ter que dar muitas explicações sobre os contratos e pagamentos direcionados à organização criminosa que operava no setor de transporte e aluguel de veículos.

Gil contratava com as empresas do esquema desde 2013 (imagem: Diário oficial)

E tendo vida longa, a Operação Topique certamente vai se confrontar com a incompreensível aprovação de contas no TCE-PI de gestores e ex-gestores investigados a despeito de extensos e robustos relatórios do Ministério Público de Contas e diretorias de fiscalização sobre prováveis desvios de recursos e que pediam reprovação.

Gil Carlos está saindo da Prefeitura de São João do Piauí, mas essa bronca – grande! – ele vai levar com ele para onde for.

Não demora.

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