PROPAGANDA NEGATIVA: UM INSTRUMENTO DEMOCRÁTICO

Scott Desposato estuda o sistema democrático em 14 países diferentes e aponta que a crítica é fundamental ao sucesso da democracia (foto: reprodução)

Em sua decisão que negou liminar ao petista Antônio José Medeiros pedindo a retirada de informações sobre a Operação Topique do Política Dinâmica, o juiz auxiliar José Gonzaga Carneiro citou uma informação bastante interessante. Falta de conteúdo negativo sobre candidatos enfraquece a construção democrática de um país.

Esse dado é extraído de uma entrevista realizada com Scott Desposato, pesquisador e professor associado de Ciência Política na Universidade da Califórnia, em San Diego. A publicação é de 2013 e vamos disponibilizá-la no fim desta matéria.

O juiz José Gonzaga apontou que o conteúdo do Política Dinâmica sobre a Operação Topique que cita nome de petistas é puro jornalismo (foto: reprodução)

Mas voltando ao professor, Desposato tem se dedicado a estudar diferentes áreas na ciência política, com foco predominante em instituições democráticas, eleições, campanha, comportamento eleitoral, comunicação política, poder Legislativo e metodologia de pesquisa.

O trecho utilizado na decisão é o seguinte: “a escassez de propaganda negativa é ruim, uma vez que esta permite que os eleitores tenham acesso ao maior número de informações possível. Uma vez que os próprios candidatos não têm intenção de falar de suas falhas, é necessário que outros falem. Com isso, é possível fortalecer a accountability dos candidatos”, (DESPOSATO, Scott. A propaganda negativa como instrumento democrático. Entrevista realizada por Felipe Borba. Revista Compolítica, número 3, volume 2, jul/dez 2013).

Boa parte do trabalho de Desposato busca entender e explicar o funcionamento da democracia no Brasil (foto: reprodução)

Essa fonte para nós é novidade e por isso fomos atrás do conteúdo. Mas o contexto ao qual se aplica o estudo de Scott Desposato, esse não é coisa nova para o Política Dinâmica. Por isso é que dizemos: conteste a propaganda oficial. Infelizmente, campanhas políticas são bastante eficientes em criar discursos sobre o que de bom pode ser feito por um ou outro candidato, mas escondem do eleitor o risco do que pode acontecer de ruim no caso de vitória de um determinado concorrente.

Scott aponta que existe um baixo nível de propaganda negativa nas campanhas latino-americanas – que não ultrapassa 20% nos países que elegem seus presidentes com maioria simples ou nas disputas em primeiro turno. E recomenda: “A América Latina não gosta de propaganda negativa, mas ela deveria ter mais”.

Desposato acredita que deveria haver mais conteúdo negativo sobre candidatos a cargos eletivos nas democracias latino-americanas (foto: reprodução)

O que se aplica ao jornalismo aqui é o fato de que o conteúdo crítico é via de regra mais  informativo e um importante componente de prestação de contas. E mais informado, o eleitor decide melhor o seu voto.

Leitura mais do que recomendada!

Clicando aqui você pode ler a entrevista inteira com Scott Desposato!

Propaganda negativa intrumento democrático - Scott Desposato.pdf

Clicando aqui você pode ler a decisão do TRE-PI contra o pedido de Antônio José Medeiros e à favor do jornalismo e da democracia.

AJM x PD Processo Judicial Eletrônico - TRE-PI.pdf

E aqui abaixo está um vídeo em que Scott Desposato explica seu estudo. O vídeo é em inglês, mas existe legenda disponível em português.


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