O EFEITO BOLSONARO
Jair Bolsonaro há um bom tempo é uma preocupação para a campanha governista no Piauí. Em setembro de 2017, quando Lula esteve no Piauí, a campanha de Wellington Dias já estava à todo vapor e a estratégia — a mesma até hoje — era usar a imagem de Lula para melhorar a do atual governador junto a um eleitorado já cansado de votar nele.
Foram 20 dias de exposição de Lula: uma semana de frisson midiático na prévia da visita da Caravana Lula, 4 dias do ex-presidente no Piauí com ampla cobertura ao vivo em rádio e tv e mais uma semana de mais propaganda sobre ele ter vindo ao Piauí. Depois disso mandaram fazer uma pesquisa, daquela vez sem manipulação, para medir o impacto.
Lula pontuou com 67%, o mesmo patamar de hoje. Wellington não passou dos 42% mesmo colado no companheiro famoso, sem ter nenhum candidato de oposição ao governo. A surpresa: Bolsonaro, teoricamente desconhecido, que só tinha vindo ao Piauí uma única vez, pontuou com acima dos 10%, coisa incrível aos olhos do PT piauiense. Pontuou bem até mesmo nas cidades por onde Lula passou, como Marcolândia.
A pesquisa foi incinerada numa lata de lixo do Mirante do Lago. Wellington temeu que aliados tivessem acesso à comprovação de uma imagem enfraquecida do petista e lhe impusessem condições de apoio. Isso foi há um ano.
Estamos em 2018 e o que ainda está mantendo a cambaleante campanha de Wellington em pé junto ao eleitorado é a imagem de Lula — além do cacife de Ciro Nogueira (Progressista) junto aos líderes políticos. E isso tende a diminuir também.
O atentado contra Bolsonaro muda a lógica da campanha nacional e, consequentemente, as campanhas regionais também. A comoção vai mudou de lado, saindo do presídio em Curitiba para o hospital em São Paulo. Sem falar que Bolsonaro acabou de ganhar uma coisa que a campanha dele não tinha: tempo de TV. A superexposição do nome dele nos noticiários por conta do acompanhamento de investigações e recuperação do atentado marca Bolsonaro como vítima e divulga seu nome.
O PT está querendo antecipar a mudança de candidato e até nesse ponto já existe um novo problema: talvez não seja Haddad, mas Jaques Wagner o escolhido. Será uma confusão de nomes e imagens. Do outro lado, uma junção de desejo de mudança com reação ao atentado.
Wellington Dias navega hoje em mares desconhecidos: um grande revés no cenário nacional.
CHARGE
FUGIU
O atual governador Wellignton Dias (PT) fugiu do debate entre candidatos ao governo que aconteceu no último dia 6, quinta-feira, no Sindicato dos Médicos do Piauí, o SIMEPI. Alegou problema de agenda, mas o real motivo foi evitar constrangimento. Wellington Dias exonerou na última semana a diretora do Hospital Regional de Campo Maior, Jardênia Ribeiro.
DENÚNCIA
Jardênia Ribeiro denunciou num grupo de WhatsApp que faltavam recursos humanos e financeiros no Hospital Regional de Campo Maior. Disse que a situação obrigava a direção do hospital a fechar 30 leitos e encaminhar novos pacientes para Teresina. O secretário Florentino Neto foi a TV dizer que não passava de um engano e o CRM e o MPPI foram a Campo Maior desmentir o Governo do Estado.
O que falar pros médicos depois disso?
É UM MAL SINAL
Assessoria de imprensa da campanha de Wellington Dias distribuiu à imprensa fotos e releases sobre prefeitos ligados ao MDB e ao Progressistas reafirmando apoio ao governador.
Das duas uma: ou o petista não tem mais o que mostrar nas redes sociais, ou está tentando segurar prefeitos que ele desconfia estarem dialogando com as oposições.
Qualquer uma das duas situações é preocupante.
SEGUNDO TURNO
Numa reunião com a presença do governador na S/A Propaganda uma dos estrategistas da campanha petista levantou uma questão: redesenhar o discurso considerando o segundo, para que aliados não sejam pegos de “surpresa” e o resultado das urnas no dia 7 de outubro não desanime a base.
TÁ PROIBIDO FALAR
Wellington Dias não gostou e ficou visivelmente desconfortável. O marqueteiro Siqueira Campos bateu na mesa e proibiu o assunto “segundo turno” na agência.
O pior cego é o que não quer enxergar.
PARE PRA PENSAR
Essa é pra quem gosta de números.
Em 2014, Elmano Ferrer teve 62,29% dos votos pro Senado, o que equivale a 981 mil votos. A última pesquisa Opinar mostra o Veín com apenas 3,9% das intenções de voto, o que dá uma projeção de mais ou menos 70 mil eleitores, menos de 10% das pessoas que votaram nele na última eleição. Estranho?
PARE PRA PENSAR 2
Luciano Nunes aparece na pesquisa Opinar com 10,3% dos votos, o que significa uma projeção de mais ou menos 180 mil votos. Em 2014, Heráclito Fortes (DEM) e Átila Lira (PSB) somaram juntos 12,7% dos votos para deputado federal. Eles apoiam Luciano e tiveram 220 mil votos. Wilson Martins teve 562 mil votos e foi o responsável por lançar o nome do tucano ao governo do Estado. Estranho também.
TEM MAIS
Em 2016, Dr. Pessoa (SD) teve 39,77% dos votos de Teresina para prefeito. Isso corresponde a 171 mil votos, ou mais ou menos 10% do eleitorado de todo o Piauí. A última pesquisa Opinar diz que Pessoa tem apenas 13,5%, mesmo com a campanha recebendo apoio de todos os cantos do Piauí, com bases fortes em Oeiras, José de Freitas, Luís Correia, Corrente e várias outras cidades. Mais estranho ainda.
OLHA QUANTA GENTE!
Na mesma eleição, Firmino Filho (PSDB) teve 51,14% dos votos, uma soma de 220 eleitores. Os prefeitos Mão Santa, em Parnaíba; Luiz Menezes, em Piripiri; Marcos Elvas, em Bom Jesus; Márcio Neiva, em Porto Alegre do Piauí; Luís José, em Francisco Santos; Hermes Júnior, em Regeneração; José Valmi, em Buriti dos Montes; Cidelton Pinheiro, em Santa Luz; José Maria em Ipiranga; Dr. Manoel Júnior, em Ipiranga somaram mais de 80 mil votos. Com a capital já são mais de 300 mil votos.
Todos apoiam Luciano Nunes, que segundo a última pesquisa Opinar não estaria passando dos 180 mil votos considerando os 10,3% de intenções apuradas.
Estranho demais da conta.
SIFRÃO
A queda de Wellington Dias é inegável nas pesquisas, mas alguma força desconhecia parece estar segurando à força a subida dos nomes de oposição.
LIGEIROS
Siqueira Campos, da S/A Propaganda, aliás, se apressou em mandar a assessoria de comunicação de Wellington distribuir o lamento do petista pela facada sofrida por Jair Bolsonaro. Mais rápido que ele, foi o procurador-geral do Estado, o senhor Plínio Clerton. Em sua página pessoal no Facebook, Plínio comparou Bolsonaro a Hitler. Não fica claro se ele escreveu lamentando que Bolsonaro tenha sobrevivido ou se exaltava a figura de Hitler. Nenhumas das opções é boa.
HAPPY HOUR INFELIZ
Em seguida, num comentário feito na própria postagem, Plínio Clerton sugere que a facada que deixou Bolsonaro entre a vida e a morte, lhe causou hemorragia, o fez passar por uma cirurgia de 4 horas e o deixou defecando em uma bolsa de colostomia foi uma armação. Prints da postagem circularam em grupos de advogados e políticos. Em um deles, uma possível explicação: “Era quinta-feira, véspera de feriado, depois do trabalho… a gente sabe como é o Plínio, às vezes ele se perde na dose de crítica… um happy hour infeliz”.
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