ESCÂNDALO COM AUXÍLIO EMERGENCIAL EM BERTOLÍNIA

É um escândalo.

Mais um para a conta do Município de Bertolínia, localizada a 400km ao sul de Teresina. O atual vice-prefeito de Bertolínia, Rodrigo Rocha Martins (PSD), e o assessor jurídico da Prefeitura, Marcelo Trindade, receberam indevidamente várias parcelas do Auxílio Emergencial do Governo Federal em 2020, que deveria ser pago apenas a pessoas que ficaram em situação financeira vulnerável por consequência da pandemia de Covid-19.

Rodrigo Martins e Marcelo Trindade: ambos receberam o dinheiro do auxílio emergencial em 2020, mesmo sem precisar e no meio da campanha eleitoral (fotos: redes sociais)

Nem Rodrigo nem Marcelo tinham seus nomes inscritos em cadastros de benefícios sociais anteriores ao Auxílio Emergencial e o enquadramento deles para este foi o "ExtraCad", o que significa que o benefício não foi automático e teve que ser solicitado por eles. 

Mias um escândalo em Bertolínia: vice-prefeito recebeu indevidamente dinheiro do auxílio emergencial (foto: reprodução)

Nas regras do auxílio, só poderiam ser beneficiadas, por exemplo, pessoas com renda familiar de até três salários mínimos, ou seja, no máximo R$ 3.300,00 em 2020. O atual vice-prefeito de Bertolínia é empresário e para a Justiça Eleitoral, declarou que possuía R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais) numa conta bancária em seu nome e outros R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) em espécie. Além disso, uma casa no valor de R$ 150.000,00.

Rodrigo teria devolvido 5 parcelas, mas ficou com as últimas 4 do auxílio emergencial, mesmo tendo dinheiro em conta e em espécie em casa (imagem: reprodução)

Não perece a primeira vista que esta seja uma situação de alguém que precisava de ajuda do governo para enfrentar o momento difícil da pandemia. Ainda mais alguém que estava em plena campanha eleitoral. Rodrigo recebeu 5 parcelas de R$ 600,00 e outras quatro de R$ 300,00, segundo consta no site da Transparência do Governo Federal. Ainda de acordo com as informações do site, Rodrigo teria devolvido as 5 primeiras, mas ficou com as últimas 4 parcelas.

Enquanto fazia campanha -- era advogado eleitoral da chapa --, Marcelo também recebia auxílio emergencial (imagem: redes sociais)

O caso do advogado Marcelo Trindade é ainda pior. Marcelo era contratado da Prefeitura desde maio de 2020, segundo publicação no Diário Oficial dos Municípios. Por dispensa de licitação e para prestar serviço de assessoria jurídica, firmou contrato de pessoa física -- não por meio de escritório -- no valor total de R$ 37.000,00 (trinta e sete mil reais). Nas regras do auxílio, ninguém que tivesse recebido pessoalmente mais de R$ 28 mil poderia receber o benefício.

Nesse mesmo mês em que foi contratado pelo prefeito Geraldo Fonseca, Marcelo recebeu duas parcelas de R$ 600,00 do Auxílio Emergencial. Nos meses que se seguiram, foram mais 7 parcelas, três de R$ 600,00 e outras quatro de R$ 300,00. Não consta no Portal da Transparência do Governo Federal que alguma delas tenha sido devolvida.

Contrato firmado no mesmo mês em que Marcelo recebeu duas parcelas do auxílio emergencial (reprodução)

Lembrando que à época, Geraldo Fonseca que havia sido eleito em 2016 vice-prefeito, estava no exercício do cargo de prefeito municipal por força do afastamento de Luciano Fonseca, investigado na Operação Bacuri, do Ministério Público do Piauí. Luciano seria o líder de uma organização criminosa e teria cometido várias irregularidades para desvio de recursos públicos durante sua gestão, chegando ao ponto de quitar uma dívida pessoal entregando uma ambulância do Município como pagamento.

O Política Dinâmica não conseguiu contato com os citados, mas o espaço está aberto para qualquer esclarecimento. 

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