NENHUM DELES VAI PRA SAÚDE
VICE-PREFEITO E ASSESSOR JURÍDICO DO MUNICÍPIO RECEBERAM AUXILIO EMERGENCIAL DURANTE O ANO DE 2020, INCLUSIVE ENQUANTO FAZIAM CAMPANHA
14/08/2021 11:51É um escândalo.
Mais um para a conta do Município de Bertolínia, localizada a 400km ao sul de Teresina. O atual vice-prefeito de Bertolínia, Rodrigo Rocha Martins (PSD), e o assessor jurídico da Prefeitura, Marcelo Trindade, receberam indevidamente várias parcelas do Auxílio Emergencial do Governo Federal em 2020, que deveria ser pago apenas a pessoas que ficaram em situação financeira vulnerável por consequência da pandemia de Covid-19.
Nem Rodrigo nem Marcelo tinham seus nomes inscritos em cadastros de benefícios sociais anteriores ao Auxílio Emergencial e o enquadramento deles para este foi o "ExtraCad", o que significa que o benefício não foi automático e teve que ser solicitado por eles.
Nas regras do auxílio, só poderiam ser beneficiadas, por exemplo, pessoas com renda familiar de até três salários mínimos, ou seja, no máximo R$ 3.300,00 em 2020. O atual vice-prefeito de Bertolínia é empresário e para a Justiça Eleitoral, declarou que possuía R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais) numa conta bancária em seu nome e outros R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) em espécie. Além disso, uma casa no valor de R$ 150.000,00.
Não perece a primeira vista que esta seja uma situação de alguém que precisava de ajuda do governo para enfrentar o momento difícil da pandemia. Ainda mais alguém que estava em plena campanha eleitoral. Rodrigo recebeu 5 parcelas de R$ 600,00 e outras quatro de R$ 300,00, segundo consta no site da Transparência do Governo Federal. Ainda de acordo com as informações do site, Rodrigo teria devolvido as 5 primeiras, mas ficou com as últimas 4 parcelas.
O caso do advogado Marcelo Trindade é ainda pior. Marcelo era contratado da Prefeitura desde maio de 2020, segundo publicação no Diário Oficial dos Municípios. Por dispensa de licitação e para prestar serviço de assessoria jurídica, firmou contrato de pessoa física -- não por meio de escritório -- no valor total de R$ 37.000,00 (trinta e sete mil reais). Nas regras do auxílio, ninguém que tivesse recebido pessoalmente mais de R$ 28 mil poderia receber o benefício.
Nesse mesmo mês em que foi contratado pelo prefeito Geraldo Fonseca, Marcelo recebeu duas parcelas de R$ 600,00 do Auxílio Emergencial. Nos meses que se seguiram, foram mais 7 parcelas, três de R$ 600,00 e outras quatro de R$ 300,00. Não consta no Portal da Transparência do Governo Federal que alguma delas tenha sido devolvida.
Lembrando que à época, Geraldo Fonseca que havia sido eleito em 2016 vice-prefeito, estava no exercício do cargo de prefeito municipal por força do afastamento de Luciano Fonseca, investigado na Operação Bacuri, do Ministério Público do Piauí. Luciano seria o líder de uma organização criminosa e teria cometido várias irregularidades para desvio de recursos públicos durante sua gestão, chegando ao ponto de quitar uma dívida pessoal entregando uma ambulância do Município como pagamento.
O Política Dinâmica não conseguiu contato com os citados, mas o espaço está aberto para qualquer esclarecimento.
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