Já falei aqui sobre o absurdo do governador Wellington Dias ir ao Ministério Público Estadual intimidar promotores que investigam sua gestão. Não falei sobre a intimidação que a sua equipe quis impor ao Política Dinâmica. Mas aconteceu.

Tenho como foco de meu trabalho a informação. Criticar a propaganda oficial não é fácil nem faz você ganhar mais amigos. É bem o contrário. Mas é o dever do jornalista que trabalha na editoria de política. Elogiar sem motivo ou para ser cúmplice é até criminoso, na minha percepção.

Na manhã de ontem, terça-feira (18), o assessor do atual governador Wellington Dias, o petista Alvaro Luís Carneiro, me agrediu. Primeiro tentou impedir meu acesso à entrevista que Wellington dava à jornalista Lídia Brito, do Portal CidadeVerde.com. Mas como uso um suporte longo para gravar com o celular, à distância mesmo eu conseguiria fazer a pergunta.

E fiz. “O senhor quer trocar os promotores, governador?”, indaguei. O assessor Alvaro Luís Carneiro achou a pergunta muito ruim de ser respondida. Talvez tenha tido receio de que outras perguntas sobre a tentativa de intimidação do MPPI e sobre as investigações de corrupção em seu governo viessem a seguir. Certamente iriam.

Foi quando empurrou a mim e a jornalista Lídia brito, que chegou a olhar para trás. Pacientemente, com voz serena eu disse que iria refazer a pergunta e pedi a ele por favor que saísse do meio. O vídeo a seguir mostra isso.

Aliás, o vídeo mostra que havia muita gente do jornalismo no local que poderia fazer o relato exato do que aconteceu. A senadora Regina Sousa me viu pedindo que Alvaro saísse do meio com todo o respeito. Seguranças do governador viram também.

Porém, sei até onde vai a perseguição de um governo. Não posso impor que qualquer dos colegas ali se manifeste. Ainda mais num período como este, em que sem resultados para mostrar e cheio de problemas com a polícia, a gestão estadual tenta levar as eleições para um campo pessoal e emocional.

Num meio em que vários jornalistas preferem o estrelato à notícia, eu não acredito que polêmicas pessoais sejam mais importantes que as matérias que eu escrevo. Mas este texto se faz necessário, pois Alvaro Luis Carneiro, além de me impedir de exercer naquele exato momento o bom jornalismo, foi às redes sociais contar uma mentira, ao distorcer o ocorrido, dizendo ter sido ele “brutalmente empurrado” por um “ativista da oposição”. Revejam o vídeo acima e avaliem se há brutalidade e de quem parte a agressão.

Percebendo que permaneci calmo, Alvaro Luis Carneiro partiu para provocações pessoais. Sussurrando frases de agressão verbal — lhes pouparei aqui — e, vejam, chamando a mim de “vendido”. Queria que eu revidasse no nível dele. Por fim, se conformou com a postagem de uma completa mentira.

Ficou rindo enquanto escrevia. Mostrou o post ao ex-diretor de jornalismo da CCOM Allisson Bacelar quando o fez. Tentou mostrar para a jornalista Ana Maria, que parecia não estar tão à toa quanto ele e passou direto. Esta cena também foi gravada enquanto eu, agora sem impedimentos, entrevistava o governador meia-hora depois. Veja no vídeo abaixo:

Ele pôde contar a mentira em tempo real nas redes sociais. Eu tive que esperar acabar a pauta para poder ir à uma delegacia. Essa é uma diferença entre nós: eu tenho o que fazer e trabalho.

Registrei um Boletim de Ocorrência. O agente que me atendeu ficou na dúvida entre considerar lesão corporal ou constrangimento ilegal. Alvaro Luis Carneiro foi além do limite legal comigo, mas não me deixou com hematomas, logo, descartei a necessidade de realizar o exame de corpo de delito. Mas tinha que fazer o registro oficial. Ele, por outro lado, preferiu manter-se onde pode contar mentiras, enganar pessoas e ser aplaudido por isso. Ainda me roubou esse tempo de estar produzindo ao invés de estar numa delegacia e redigindo este texto.

Ora, eu não tenho um problema com o governo, como muitos dizem ou pensam. É o contrário, o governo tem um problema comigo e é exatamente esse: eu não me vendo. Provar isso é, pra mim, a coisa mais fácil, com mensagens de texto, áudios e etc, mas nunca foi minha intenção expor qualquer pessoa. Sei que algumas -- a maioria, até -- é obrigada a fazer certos serviços.

Tenho boa relação com muitos profissionais que trabalham para o governador. Sei separar as coisas. E acredito que a mentira não pode prevalecer.    

Vou seguir fazendo o que sei fazer: jornalismo de verdade que combate mentiras. E o tal post de Alvaro Luis Carneiro no Facebook é mais uma que foi pro espaço.

Desejo que Deus o abençoe.