ELES JÁ SÃO ADVERSÁRIOS

Um olhar otimista vai observar que todo mundo se deu bem com o resultado das eleições de 2022 no Piauí. Não é preciso explicar a felicidade de quem votou nos candidatos do PT: elegeram governador, senador e presidente. Mas até quem votou contra os petistas, tem o que comemorar. Após 20 anos, o ex-governador e senador eleito, Wellington Dias, encontrou um adversário: Rafael Fonteles, o governador eleito. E isso vai fazer toda a diferença nos resultados – espera-se, positivos! – da próxima gestão estadual.

Rafael x Wellington: a perspectiva é de que Fonteles seja o adversário que Dias nunca teve até aqui (fotos: Jailson Soares | PD)

PRA FRENTE

Apenas eleitores e militantes apaixonados se apegam aos resultados de uma eleição que já passou. Os políticos de alto desempenho, estes olham pra um futuro de médio e longo prazo para decidir o seu caminho no curto prazo. 

Sempre pra frente.

Por isso mesmo, Rafael e Wellington são hoje adversários em potencial a partir do dia 1º de janeiro de 2023. Eles não brigaram. Ainda não. Talvez nem briguem. Não abertamente. Mas disputam o mesmo espaço para a sucessão de Luís Inácio Lula da Silva.

É. Simples assim. 

Lula tem 77 anos. Ao terminar o mandato terá 81, com voz mais rouca, menos cabelos e um desgaste físico e mental do tamanho do próprio Brasil.

SUCESSÃO DENTRO DO PARTIDO

Claro: a lista de pretensos sucessores de Lula é grande. Mas a maioria daqueles que têm alguma chance de verdade estão fora do partido, a exemplo do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é do PSB; ou mesmo a senadora Simone Tebet, expressão do MDB.

Existe uma vantagem na sucessão em favor de Rafael: ser alguém mais jovem e capacitado que o ex-governador pode traduzir melhor a imagem de renovação da qual o PT precisa desesperadamente (foto: Jailson Soares | PD)

Porém, como se sabe pela história, o PT tem enorme dificuldade de entregar vagas majoritárias para quadros fora do próprio partido. Presidência da República então... E, dentro do PT, as opções são poucas.

Não duvidem, Wellington e Rafael sabem que há uma chance, e os dois vão traçar o caminho de se agarrar a ela.

SIGNIFICADO NA PRÁTICA

Na prática, Wellington terá, se for ministro, mais espaço espontâneo em mídia nacional, proximidade maior com o próprio Lula e a influência que o Governo Federal pode proporcionar a um ministro. Mas preencher esse espaço com conteúdo é muito mais difícil do que era para ele, antes, encher linguiça no noticiário local. 

Na última segunda-feira (14), por exemplo, Wellington não conseguiu sustentar o menor dos argumentos sobre economia diante de entrevistadores que visivelmente estavam de boa vontade com ele.

Os resultados de dezesseis anos de governo dificilmente fazem de Wellington um nome competitivo para sucessão de Lula; para ele, o espaço a ser ocupado no Governo Federal é que deve manter ou não essa esperança viva (foto: Jailson Soares | PD)

Para Rafael, o caminho passa por fazer o que Wellington Dias não fez: garantir que o Piauí tenha resultados administrativos que impressionem o Brasil. Se quiser ser mais que governador, Fonteles terá que ser o melhor governador que esse estado já viu. Tem a vantagem de entender de verdade de economia, nu cenário em que ela deve ser decisiva nos próximos anos.

Mostrando no Piauí, Rafael terá, então, como disputar, com cara da renovação, o espaço de sucessão contra qualquer outro petista, inclusive Wellington, alguém que, apesar sucesso nas urnas piauienses, tem a cara da velha política e um resultado que tende a zero após 16 anos de governo.

Para o Piauí, não haverá coisa melhor que esses dois sendo adversários. 

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