Quando em 2018 a Polícia Federal foi à secretaria de Educação por força da Operação Topique, o governador Wellington Dias (PT) disse que era um “espetáculo” com objetivo de prejudicar sua campanha de reeleição. Agora, em 2021, ano que não tem eleição, o petista fala a mesma coisa sobre a Operação Campanile, que investiga fraudes em licitações dentro da Secretaria de Saúde envolvendo recursos federais para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
O governador garante que o Estado fez tudo dentro da legalidade. E contou uma piada: “É lamentável que, pra poder pegar um celular, pegar um computador, [coisa que] poderia ter sido requerida, não é, e com toda a facilidade ser entregue”.
Sim, imaginem um ofício da Polícia Federal assim:
“Senhor secretário Florentino Neto, suspeito de fraudar contratos do governo.
A Polícia Federal está investigando o senhor há meses, mas neste momento precisamos de sua colaboração. Chegou o momento em que gostaríamos que o senhor nos entregasse seu celular e documentos que possam ligar o senhor ao suposto esquema.
Solicitamos, também, que o senhor também possa nos disponibilizar os computadores de trabalho e equipamentos pessoais que possam conter outras informações sobre como se formou a quadrilha que pode estar assaltando os cofres públicos neste momento.
Por fim, seria de grande ajuda que o senhor pudesse entrar em contato com os demais integrantes da suposta organização criminosa e solicitasse que eles, de boa vontade, também entreguem celulares e notebooks.
Confiantes de que o governador Wellington Dias e sua equipe sempre estão disponíveis para colaborar no que for necessário, agradecemos desde já o pronto atendimento deste pedido.
O dia e a hora para a entrega do material solicitado ficam a seu critério.
Nos perdoe por qualquer incômodo.
Atenciosamente,
Equipe de Investigação da Polícia Federal”
Na cabeça do governador Wellington Dias, talvez o ofício devesse ser impresso, inclusive, em papel de carta perfumado.
Veja as declarações de Wellington no vídeo abaixo:
Lamentável mesmo é ter que desconfiar de um governo em cada ato porque, de alguma maneira, a corrupção se instalou dentro dele, ao que parece, de maneira generalizada.
O dinheiro federal que chegou ao Piauí e já foi gasto no combate à pandemia chega a um volume de R$ 530 milhões. Os R$ 33 milhões investigados pela Operação Campanile não chegam a ser 10% desses recursos.
Nos bastidores da política, quem conhece a gestão de Wellington Dias sabe que isso aí tem tudo para ser apenas a ponta do iceberg. Afinal, a porcentagem com a qual trabalha esse governo é bem maior.
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