Governo já avalia nova reforma ministerial para combater crise

Para tentar atravessar a crise política por que passa o governo, a presidente Dilma Rousseff foi aconselhada nos últimos dias a recompor sua base, fazendo, já neste início de segundo mandato, mudanças no Ministério. Integrantes da articulação política, petistas ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PMDB avaliam que é preciso fortalecer o governo e reequilibrar os espaços dos partidos aliados.

À presidente Dilma chegaram as ideias de substituir o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, e dar mais espaço aos peemedebistas. A principal alternativa seria retirar o PP do Ministério da Integração Nacional, já que o partido é o maior afetado pelas investigações da Operação Lava-Jato, com 31 políticos respondendo inquéritos.

Peemedebistas como o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN) e o senador Eunício Oliveira (CE) já se movimentam para tentar comandar a pasta. Até o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), gostaria de entregar o ministério a um aliado.

A opinião geral é que o Ministério precisa ter mais peso político e que deve haver uma redistribuição do Orçamento das pastas. Os aliados reclamam que o PT, o PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), e o PROS, do ministro Cid Gomes (Educação), detêm as maiores verbas, prejudicando os demais. Outro alvo de críticas é o ministro do Esporte, George Hilton (PPB), que não consegue ditar os rumos dos parlamentares de seu partido.

Fontes do governo admitem que a estratégia da presidente de se fortalecer no Congresso, dando ministérios grandes a Kassab e a Cid, não deu o resultado esperado: Dilma continua dependendo dos parlamentares peemedebistas.

Para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), integrantes do governo cogitam os nomes de Henrique Alves e do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ambos do PMDB. Integrantes do partido, no entanto, não aceitam a proposta.

— O ministério envelheceu muito rápido e não teve o resultado que a presidente queria e esperava. Mudanças em conformidade com os partidos aliados poderiam dar nova vida à base do governo — disse um ministro, frisando, porém, que não consegue visualizar, em horizonte próximo, Dilma tomando essa medida.

Após ser posto de lado pela presidente e pelos ministros da articulação política, entre eles Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Aloizio Mercadante (Casa Civil), e Pepe Vargas, o vice-presidente Michel Temer foi chamado por Dilma a participar de uma reunião na manhã de segunda-feira, em seu gabinete, para avaliar as manifestações de domingo, durante o pronunciamento dela. Temer voltou a dizer que o governo tem que se abrir a opiniões dos partidos da sua coalização e reforçou a necessidade de criação de uma nova instância, um “conselho institucional”. Nos bastidores, governistas pensaram em oferecer a Temer um ministério, o que não prosperou porque ele não aceitaria.

— Presidente e vice-presidente têm relação de igualdade. Aceitar um ministério seria passar a uma condição de subalterno. A questão não é ter um ministério, é ter uma missão, uma função a cumprir — disse um integrante da cúpula do PMDB.

Segundo fontes do governo, nas reuniões de ontem e do fim de semana para tratar da crise houve dificuldade para definir uma estratégia de ação. Sugestões são apresentadas, mas esbarram na centralização da presidente. Mesmo no auge da crise, Dilma resiste em delegar decisões aos auxiliares.

Fonte: O Globo

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