por Francicleiton Cardoso e Marcos Melo 

Os agricultores familiares do Piauí não estão muito animados com a ideia da inclusão do Estado no Matopiba, região dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, considerada a última fronteira agrícola em expansão no mundo. Para a presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí (Fetag), Elisângela Moura, o projeto consolida a ideia da agricultura de grande porte ao tempo que deixa de lado questões prioritárias ligadas à agricultura familiar.

“Nós não queremos que esse projeto funcione assim. É necessário que sejam discutidas medidas estratégicas para melhorar também a agricultura familiar. Não podemos apoiar projetos que só trabalham em favor do agronegócio e em grande escala”, colocou a presidente em reunião na manhã de hoje (21) com o govenador, durante as reivindicações da Marcha das Margaridas.

Em resposta, o governador Wellington Dias (PT), afirmou que já tem discutido com governadores dos demais estados que compõem o Matopiba, para que as políticas também se voltem para a agricultura familiar. Além disso, o Wellington é enfático ao afirmar que não só os Cerrados piauienses, mas todo o estado, deve estar contido no projeto.

Nós queremos que sejam incluídos os estados inteiros na região de desenvolvimento. Tratando parte de Cerrados e partes de não-Cerrados. Precisamos de um sistema que inclua os nativos. A preocupação que nós temos trabalhado, é que queremos que seja diferente de como foi no Sul do Piauí. Nós não vamos aceitar fazer parte de um projeto que for só para os Cerrados ou voltado para grandes e médios produtores”, argumenta.

A região do Matopiba é estratégica para o Ministério da Agricultura, que pretende apoiar o crescimento sustentável dos produtores locais com investimento em tecnologia e assistência técnica. Hoje o projeto abrange 337 municípios num total de 73 milhões de hectares.