Com Sérgio Vilela, o PT não precisa de inimigo

O agrônomo e pesquisador da Embrapa, Sérgio Luiz de Oliveira Vilela, criticou severamente membros do governo estadual. As críticas aconteceram durante o Seminário de Sociologia “Ruralidades Contemporâneas e Realidades Piauienses: Atores e Processos Sociais”, realizado pela UFPI, na última quinta-feira, 11. 

Vilela, que já foi secretário de Desenvolvimento Rural no primeiro governo de Wellington Dias, há 12 anos. Contrariado, despejou suas insatisfações sem misericórdia ao governo da época, saiu do PT, ingressou no PTB e agora está de volta ao seio petista, onde ocupa o cargo comissionado de Assessor Especial, no gabinete do governador do Piauí.

Durante sua apresentação, em tom bastante incisivo, Vilela afirmou que o diretor-geral do EMATER, Marcos Vinicius, “não conhece nem uma casca de laranja”. Em tempos em que a fruta citada dá vazão a interpretações que podem sugerir mais do que a falta de conhecimento sobre uma variedade cítrica, possibilitando entendimento de uma representatividade meramente figurativa do comandante do órgão, a frase sai azeda do tipo que repugna.

Sérgio foi adiante e partiu com sua voz afiada para cima do deputado cantor, Francis Lopes (PRB), mesmo sem citar o nome: “não sabe o que é cultura piauiense”. Duvidando da capacidade do seu colega de governo, Vilela não pediu segredos, assumindo que é do governo, mas não vai ficar calado só porque está participando da administração.

Satirizando o artista que presidiu a Fundac e agora está ocupando uma cadeira na Alepi, desdenhou: “cantar, até eu canto”. E canta mesmo. E bem. Sérgio não perde uma oportunidade de mostrar seus predicados vocais em rodas de samba, em barzinhos ou festas em sua residência, entoando os grandes clássicos do samba, seu gênero musical predileto.

Sérgio Vilela estaria se sentindo excluído pelos companheiros petistas?

Resta saber se Vilela tem em seu repertório aquele samba de letra peculiar, que pode caber à circunstância: “você abusou, tirou partido de mim, abusou”. O governador Wellington Dias, que também aprecia uma boa música e arrisca-se no vocal e no violão, poderia avaliar se seu assessor especial deveria formar uma banda ou dar um tom menos desafinado com o discurso de unidade governamental. “O Samba do Crioulo Doido” é fichinha perto da aspereza verborrágica de Sérgio

Não bastasse a crise econômica, greves e mais greves de diversas categorias, oposição com a faca nos dentes na Assembleia Legislativa, o fogo amigo afina o coro dos descontentes dentro do Palácio de Karnak e se espalha pela academia. Se não UFPI a crítica é nesta intensidade, calcule o que diz Vilela em locais de menor visibilidade. Com um assessor deste, quem precisa de inimigo?

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