O PRESTÍGIO DOS VINGADORES

Como olhar com serenidade para uma tentativa tresloucada de reduzir a maioridade penal? Como cruzar os braços diante de uma ideia tão sem rumo? Você, leitor que discorde de mim, deve estar pensando: e os seus argumentos? Onde estão? Como começar um artigo e discordar de algo sem argumentos? Caríssimo, é assim que me sinto como quando escuto a defesa da tese de redução. Afônico e impaciente.

Num silogismo mútuo, porei minhas ideias-irmãs na mesa. Não pela básica necessidade de comprová-las, mas sim pelo direito de pensar (sem pressa). Não interessa a mim vomitar argumentos, em números ou por números. Preciso falar diferente, se me permite. Veja, reduzir a maioridade penal dá cabo ao efeito e não à causa. Em tese, por um menor infrator numa prisão comum até nos livraria de um furto ou roubo num meio de semana. Entretanto, no final de semana em que ele estivesse solto, ele se tornaria num futuro e expoente homicida. Quero ainda salientar que na vida não há equações acabadas, mas atente para o fato de que a ressocialização ficou no papel, junto da pena- por ironia. As prisões graduam aos mais novos e aos mais velhos, e infelizmente conduz à prática de crimes hediondos. A polícia por si só é coercitiva e isso é bom e imprescindível ; porém, colocar um menor infrator atrás das grades implica, sem dúvidas, num Estado de aparência e isenção. Foram embora os mecanismos psicossociais que ressignificam e dão progressão a uma sociedade. Estes são apenas análises metafóricas dos Direitos Humanos. E vai ficar mais bagunçado. Causa a mim uma tristeza grande quando o legislador de meu estado nem sequer soube registrar em dados a reincidência de jovens entre dezesseis e dezessete anos que incorrem em práticas infracionais. Mas o cartaz lá está, pronto pra incitar a massa do imediatismo. Falo em imediatismo porque reconheço o sofrimento daqueles que foram vítimas de algum menor infrator... e é exatamente em respeito a você, que peço: reconsidere. Existiram etapas de vida- com o rigor sociológico- pelas quais esses jovens passaram e, hoje, está-se discutindo onde colocaremos esses meninos, se nos números negativos, com toda a comoção e desacreditação que isso leva ou na possibilidade de construirmos pessoas que, no mínimo, não serão protagonistas da crônica policial. Se os atuais dados apontam para o valor irrisório de infrações desse menor frente à "quase" totalidade de crimes randômicos, por que insistir nesse projeto? Por que razão dar outra interpretação da Constituição (que deveria garantir direitos plenos de cidadania) se eu e você sabemos que os jovens estão desassistidos? Ocorre que ao se dizer: dar proteção ao jovem, implica na criação de uma bolha que o tornasse, o jovem, inatingível e irresponsavelmente à deriva. Definitivamente, não! São discursos que nunca conversaram entre si e não há quem critique a maioridade penal e leve isso em consideração. Exatamente por saber que todos os mecanismos de assistência ao jovem não existem. Em meio a tanto oportunismo político, qualquer adágio sensacionalista vira filosofia de vida.

Comente aqui