A (des)política em tenra idade

À proporção da existência, o homem e sua capacidade ilustrativa dos fenômenos perceberam-se envolvidos num Universo tangível sob duas formas: o visível e o inteligível. A primeira diz respeito à natureza das coisas, como o movimento dos planetas e processos físico-químicos ou biológicos como a fotossíntese. A segunda forma, por sua vez, refere-se à dinâmica das esferas sociais, políticas, culturais, morais e éticas, a saber. Cada um desses âmbitos, que se mesclam à própria condição humana, resultam na mais complexa rede onde o principal dos agentes, o homem, modela. Isso mesmo, intransitivo. Contudo, quando falta ao homem algo que lhe é intrínseco, todo o contexto padece e, indubitavelmente, o indivíduo perde. Perde e perde muito, uma vez que as esferas das quais falei anteriormente são fluidas e elásticas e que, portanto, saturam. Veja, se admitimos uma letargia socio-política do Brasil enquanto comunidade, obviamente nós brasileiros não fomos consoantes com as variáveis políticas, sociais, morais.... Decerto, valer-se da responsabilização individual não é a melhor saída. Pessoalizar e bradar “fulano é culpado pela crise”, qualquer que seja ela, não resolve. Com um pouco de fé, é possível que eu e você tenhamos algo a fazer. Na prática, as problemáticas da sua vida cotidiana são exatamente os mesmos problemas que aparecem na tevê. Parece redundante e simples, mas nós temos a estranha capacidade de não acreditar. Atribuímos cada problema a um ser travestido de bofe expiatório e nos esquecemos que tudo o é por reflexo daquilo e somos e produzimos, ou seja, letárgicos. Vejo uma sociedade ingenuamente condenativa que chega a ser sádico. Somos diretores de um filme cujo desfecho até prevemos, mas que insistimos em assisti-lo. Medite comigo: por quantas vezes você responsabilizou um gestor- governante por algo que lhe ocorreu? Concomitante a isso, por quantas vezes você se julgou capaz de transformar as mesmas mazelas sociais?

É preciso que saibamos em que chão se pisa. É preciso recorrer à própria essência e “politizar-se a si”, ou em miúdos, ser e estar político. Vigilante de si. Mas não titubeie: sob uma égide isenta e longe das “ paixões do pensamento”. Se a juventude acompanha as mudanças que se seguirão, não seria exagero pedir dela empenho, já que somos protagonistas de um futuro tão presente que até assusta, por tamanha responsabilidade, mas também que de uma realidade que orgulha, por fabulosa possível recompensa.

Johann Barros

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