O PRECONCEITO QUE ENVERGONHA O PARLAMENTO

Senador Zezé Perrella se levantou e foi até onde estava a piauiense Regina Sousa

Repercutiu nos últimos dias um vídeo de uma discussão acalorada entre o senador Zezé Perrella (PMDB-MG) e a senadora piauiense Regina Sousa (PT). O episódio aconteceu durante sessão plenária do Senado Federal no dia 12 de julho. 

Bastante irritado com uma fala da senadora, Zezé chamou a piauiense de leviana, irresponsável e chegou a dizer que Regina não sabe falar e que por isso tinha pena dela. Mais adiante, em um tom ainda mais agressivo, ele se levantou da cadeira, foi até onde estava a piauiense e jogou alguns papeis sobre a mesa.

“Se a senhora souber ler, lê isso aqui”, disse muito irritado. Regina rebateu falando que, com muito sacrifício, fez curso superior e especialização. O episódio nos mostra o quanto o Senado Federal carece de homens decentes e de moral ilibada. A atitude de Perrella, um político citado em diversos escândalos de corrupção desde quando era presidente do Cruzeiro, demonstra a pobreza humana de boa parte dos nossos representantes.

Sua atitude, ao dizer que tem pena de Regina e ao suspeitar da capacidade de leitura da senadora, também revela o tamanho do preconceito contra uma mulher de origem pobre, com trejeitos pouco refinados e sem vaidades. Um preconceito, aliás, que não atinge só ela.

Regina pode até não ser a rainha da oratória, mas merece o respeito de seus colegas de parlamento e da sociedade. No campo político é natural que alguns gostem ou não da sua atuação, mas o respeito à sua pessoa, enquanto mulher e cidadã, deve e precisa existir.

O empresário, cartola do futebol e político Zezé Perrella não tem requisitos morais para achincalhar Regina, que foi quebradeira de coco e hoje ocupa uma vaga no Senado Federal. As discussões no parlamento precisam ser de alto nível e jamais com o tom repudiável adotado pelo abastado senador mineiro.

Figuras como ele só nos revelam o quanto o Brasil precisa avançar, pois a crise que vivemos não é somente política e econômica. Enquanto comportamentos como o de Perrella existirem nunca seremos uma nação digna de respeito, afinal, respeitar um país é também respeitar sua gente, independente do seu jeito de falar ou do grau de instrução.

Mesmo que Regina não soubesse ler, ainda assim merecia ser respeitada, pois o Brasil tem 12 milhões de analfabetos e, mais do que Perrella, essa parcela da população também é digna de respeito. São pessoas que, independente da escolaridade, da cor ou do modo de falar, merecem a nossa consideração. Quem não merece respeito é arrogância do senador.

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